Governo vai ouvir famílias de JK e motorista sobre reabertura de caso

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou que irá consultar as famílias do ex-presidente Juscelino Kubitschek e de seu motorista, Geraldo Ribeiro, antes de decidir sobre a reabertura da investigação sobre suas mortes. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (14/2), durante a terceira reunião ordinária do grupo.


Morte de JK

  • O ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu em 22 de agosto de 1976, depois que o Opala em que estava atravessou o canteiro central na altura do Km 165 da via Dutra, em direção ao Rio de Janeiro, invadiu a pista oposta, sentido São Paulo, e colidiu de frente com uma carreta.
  • Tanto JK quanto o motorista dele, Geraldo Ribeiro, morreram na colisão.
  • Diversas investigações já feitas tentam descobrir por que o motorista perdeu o controle do Opala. A mais recente descarta a hipótese de que uma colisão imediatamente anterior causou a batida na carreta.

O pedido de reanálise do caso de JK foi protocolado após a reinstalação da comissão — extinta durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) — , por solicitação do ex-presidente da Comissão da Verdade Municipal de São Paulo, Gilberto Natalini, e de Ivo Patarra.

A equipe de apoio da CEMDP será responsável por entrar em contato com os familiares de ambas as vítimas para informá-los sobre o andamento do processo e colher suas opiniões.

Somente após essas entrevistas a comissão decidirá sobre a admissibilidade do pedido e as eventuais diligências necessárias para uma nova investigação.

A CEMDP ressaltou que a análise de casos com repercussão histórica não está sujeita a prazos de prescrição. Além do caso de Juscelino Kubitschek, há outros pedidos em avaliação na comissão, todos relacionados a vítimas do período da ditadura militar.

Causa do acidente de JK

Ainda durante a ditadura militar, as investigações concluíram que, logo antes da colisão com a carreta, o Opala teria sido atingido por um ônibus da viação Cometa, ao tentar ultrapassá-lo.

A mesma causa foi apontada pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2014. Já uma apuração realizada pelas comissões estaduais da Verdade de São Paulo e Minas Gerais, além da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, concluiu que Juscelino Kubitschek foi vítima de um atentado político.

De acordo com o grupo, nunca houve batida entre o Opala e o ônibus: o carro se desgovernou por alguma ação externa, seja sabotagem mecânica, seja tiro, seja envenenamento do motorista.

Por fim, em 2019, um inquérito civil conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF) ao longo de seis anos excluiu de vez a hipótese de que houve uma colisão entre o ônibus da viação Cometa e o Opala.

O inquérito ainda concluiu ser “impossível afirmar ou descartar” a hipótese de atentado, uma “vez que não há elementos materiais suficientes para apontar a causa do acidente ou que expliquem a perda do controle do automóvel”.

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