Quando o declínio cognitivo começa? Estudo revela idade-chave

Um estudo revelou que o envelhecimento cerebral não é uma linha progressiva, conforme se imaginava. Os cientistas propõem que o declínio cognitivo segue uma trajetória não linear, com alguns picos críticos que começam por volta dos 44 anos.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores da Universidade Stony Brook, nos Estados Unidos, analisaram dados de mais de 19,3 mil indivíduos e identificaram que a degradação das redes cerebrais começa em meados dos 40 anos e se acelera significativamente após os 67 anos, estabilizando por volta dos 90 anos.

Esses achados sugerem que o início dos 40 anos é um período crucial para intervenções que visam retardar o declínio cognitivo, atrasando as alterações metabólicas que levam ao envelhecimento cerebral.

Por que o declínio cognitivo começa?

O artigo que detalha a pesquisa foi publicado na revista científica PNAS em 3 de março. A equipe descobriu que a resistência neuronal à insulina é o principal fator por trás das mudanças na meia-idade.

A insulina é o combustível usado pelos neurônios para cumprir suas funções e reparar danos. Quanto mais resistentes eles são a ela, mais combustível é necessário.

Comparando biomarcadores metabólicos, vasculares e inflamatórios, os pesquisadores observaram que as alterações metabólicas precedem as outras, indicando que a desregulação da glicose no cérebro é um mecanismo central no início do envelhecimento. O achado abre caminho para estratégias preventivas focadas em melhorar o metabolismo neuronal.

3 imagens

Dificuldade de raciocínio é um dos sinais a serem observados em idosos com suspeita de demência e declínio cognitivo

Além da alimentação, técnicas de relaxamento e exercícios também podem reduzir o declínio cognitivo na velhice
1 de 3

Declínio cognitivo começa ao redor dos 40 anos

Getty Images

2 de 3

Dificuldade de raciocínio é um dos sinais a serem observados em idosos com suspeita de demência e declínio cognitivo

Alistair Berg/Getty Images

3 de 3

Além da alimentação, técnicas de relaxamento e exercícios também podem reduzir o declínio cognitivo na velhice

Getty Images

Cetonas como alternativa terapêutica

As análises de expressão genética destacaram o transportador de cetonas MCT2 como um potencial fator de proteção. As cetonas, um combustível alternativo que os neurônios podem metabolizar sem insulina, mostraram-se promissoras.

Em uma segunda fase do estudo da Universidade Stony Brook, uma coorte de 101 participantes recebeu suplementos de cetonas, o que estabilizou as redes cerebrais em deterioração, com efeitos mais pronunciados na faixa dos 40 aos 59 anos, período que o “estresse metabólico” é o protagonista do declínio cognitivo.

“Durante a meia-idade, os neurônios estão metabolicamente estressados, mas ainda são viáveis. Fornecer um combustível alternativo nessa janela crítica pode restaurar a função deles”, explica a neurologista Lilianne R. Mujica-Parodi em comunicado à imprensa.

Já em idades mais avançadas, os benefícios das cetonas diminuíram, sugerindo que a intervenção precoce é essencial para maximizar os resultados. “Em vez de esperar pelos sintomas, podemos identificar pessoas em risco por meio de marcadores neurometabólicos e intervir cedo”, destacou Lilianne. Essas descobertas podem revolucionar as abordagens para prevenir doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Atualmente, os tratamentos focam em sintomas que aparecem tardiamente, quando danos significativos já ocorreram. A nova pesquisa propõe intervenções metabólicas, como dietas cetogênicas ou suplementos, iniciadas na meia-idade, antes do surgimento de sintomas cognitivos.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!

Adicionar aos favoritos o Link permanente.