Vídeo: PM intimida família de homem que foi eletrocutado por soldado

São Paulo – Uma viatura do batalhão onde está lotado o soldado Fidel Alves Pinheiro, que eletrocutou um homem de 38 anos com uma arma de choque dentro da casa da própria vítima, na noite dessa terça-feira (11/3) na zona sul paulistana, retornou ao local duas vezes, intimidando os moradores do imóvel. A vítima alega que, depois do choque, conseguiu levantar, correu para o quarto, mas foi seguida, jogada no chão e agredida pelos policiais.

Horas depois da agressão, foi feito o registro da intimidação (assista abaixo). O vídeo, encaminhado ao Metrópoles, mostra o carro policial estacionado em frente à residência, no bairro do Ipiranga.

De dentro do carro, os policiais militares direcionaram a luz de uma lanterna potente para o celular da mulher que fazia o vídeo, dificultando a visualização do número da viatura, da mesma forma que a placa.

Ainda de acordo com a testemunha que fez o registro, uma parente da vítima, os PMs também estariam fazendo vídeos da fachada do imóvel.

Vídeo

 

Após a mulher insistir com o registro, o carro da corporação saiu da frente da casa, mas retornou depois, no início da madrugada desta quarta-feira (12/3).

A esposa do homem eletrocutado afirmou ao Metrópoles que acredita que os policiais queriam “intimidar” os familiares. Quando a viatura ocupada pelos PMs foi à porta de sua casa, a mulher acompanhava o marido no Instituto Médico Legal, onde ele realizava exames periciais.

O advogado da família, Ronald Klemps, afirmou que a Corregedoria da PM será notificada sobre a conduta dos PMs — tanto com relação à invasão, seguida dos choques elétricos, quanto pela intimidação feita em frente ao imóvel.

Até a publicação desta reportagem, nem a corporação nem a Secretaria da Segurança Pública (SSP) haviam se manifestado sobre o retorno dos policiais ao local, nem sobre a conduta do soldado.

PMs invadem residência

Como revelado pelo Metrópoles, o soldado Fidel Alves Pinheiro entrou na casa da vítima, sem autorização, na noite dessa terça-feira.

O morador, que estava na casa com a família, começou a discutir com o PM, que pedia respeito. O rapaz, então, respondeu:

“Você fala de respeito, mas você está respeitando minha casa? Tá fazendo o que aqui, tio?”.

O policial militar, então, apontou a arma de choque para o rapaz e atirou. A vítima caiu no chão e os familiares se desesperaram. Crianças testemunharam a violência.

Antes, durante e após a agressão, os moradores filmaram o PM por diversos ângulos e ficaram chamando pela Corregedoria. Segundo a mulher da vítima, o policial arrombou o portão da casa dizendo que alguém teria entrado na residência. Ela diz que abriu a casa e afirmou que não havia ninguém lá além dos moradores.

Ainda de acordo com a moradora, seu marido pediu para o PM se retirar e foi a partir daí que a discussão começou. Ela afirmou que o policial também discutiu e ameaçou a cunhada dela, de 16 anos. Após a violência, a família foi ao 16º Distrito Policial (Vila Clementino) para registrar o caso.

No boletim de ocorrência, o soldado consta somente como condutor da ocorrência, registrada como lesão corporal e resistência.

A versão do PM

Em depoimento à Polícia Civil, o soldado Fidel Alves Pinheiro relatou que seguia para atender uma ocorrência de veículo abandonado quando, ao passar pela Rua Bom Pastor, supostamente avistou um homem segurando uma mulher pelo pescoço.

O policial, então, usou os alertas sonoros da viatura e o suposto agressor correu, ainda segundo o depoimento do policial, entrando na casa do homem posteriormente eletrocutado. Por esse motivo, alega o PM, ele entrou na residência, no encalço do referido fugitivo.

Já dentro do imóvel, o policial alegou ter usado a arma de choque “diante do risco iminente de que pudesse vir a ser atacado ou agredido”.

A mulher que seria vítima de agressão foi encontrada posteriormente e, segundo registros oficiais, negou qualquer violência sofrida.

 

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