Wall Street em festa: bolsas de Nova York disparam com recuo de Trump

Em um dia marcado pela euforia dos mercados globais após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicando um possível acordo comercial com a China e descartando a demissão do chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, os principais índices das bolsas de valores de Nova York operavam em forte alta nesta quarta-feira (23/4).


Bolsas dos EUA

  • Por volta das 11h30 (pelo horário de Brasília), o índice Dow Jones avançava 2,73%, aos 40,2 mil pontos.
  • O S&P 500, por sua vez, subia ainda mais: 3,27%, aos 5,4 mil pontos.
  • A maior alta do dia era registrada pelo Nasdaq, que reúne ações de empresas ligadas ao setor de tecnologia e operava com ganhos de 4,23%, aos 16,9 mil pontos.

Trump muda o tom

Nessa terça-feira (22/4), Donald Trump amenizou o discurso e abriu brecha para um possível acordo com o país asiático.

“[Uma tarifa] De 145% é muito alta, não será tudo isso. Será reduzida substancialmente. Não será zero”, afirmou o presidente dos EUA.

Na semana passada, a Casa Branca havia divulgado documento que falava em tarifas de até 245% sobre os produtos importados da China, em função das “ações retaliatórias” de Pequim.

Inicialmente, a informação não estava acompanhada por uma explicação sobre a eventual nova tarifa nem por dados a respeito do cálculo usado pelos EUA para definir a taxa.

Diante da confusão gerada pelo anúncio, a Casa Branca atualizou o texto horas depois, explicando como chegou aos 245% de tarifas sobre produtos chineses. Segundo o governo dos EUA, a taxa seria aplicada sobre produtos específicos.

Nesta quarta-feira, o porta-voz da diplomacia do regime chinês, Guo Jiakun, faz coro às declarações do líder norte-americano e afirmou que Pequim está disposta a chegar a um acordo sobre as tarifas comerciais impostas de parte a parte.

“A China já disse anteriormente que, em uma guerra comercial e de tarifas, não há vencedores. A porta para conversar com os EUA está escancarada”, disse o porta-voz do governo de Xi Jinping.

Powell não será demitido

Depois de ter levantado a possibilidade de demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), Jerome Powell, Trump recuou, amenizou o tom e praticamente afastou essa hipótese.

“Nunca tive [intenção de demitir Powell]. A imprensa exagera as coisas”, afirmou Trump a repórteres.

“Não, não tenho intenção de demiti-lo. Gostaria de vê-lo ser um pouco mais ativo em relação à sua ideia de reduzir as taxas de juros”, prosseguiu o presidente dos EUA.

“Acreditamos que este é o momento perfeito para reduzir a taxa, e gostaríamos de ver nosso presidente [do Fed] agir com antecedência ou pontualmente, em vez de com atraso”, completou Trump.

A diretoria do Federal Reserve é composta por sete integrantes que cumprem mandatos de 4 a 14 anos – todos são indicados pela Presidência dos EUA.

A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.

Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed – que termina em maio de 2026.

O entendimento majoritário nos EUA é o de que o presidente do Fed não pode ser removido do cargo sem que haja uma “justa causa”. Há, no entanto, um caso pendente de decisão pela Suprema Corte do país que remete a um precedente estabelecido há 90 anos, em 1935.

De qualquer forma, caso Trump fosse adiante na ideia de demitir Powell, provavelmente o caso chegaria à Suprema Corte dos EUA.

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