Instituições, governos e governantes (por Luiz Paulo Vellozo Lucas)

A situação política e econômica internacional e interna dos países, depois das ações do governo norte americano e da movimentação política de seu presidente Donald Trump, coloca para as forças alinhadas com a democracia e com o liberalismo econômico uma agenda desafiadora. No Brasil, o governo Lula aproveita para jogar na conta dos bolsonaristas  a conta da insensatez  e acelera a aproximação diplomática e comercial com a China. Uma boia de salvação providencial e conveniente para o antiamericanismo ideológico do Lulopetismo em campanha aberta pela reeleição com a bandeira brasileira desfraldada.

O sistema internacional monetário e de comércio já estava fazendo água antes do ataque Trumpista. É o que afirma a Foreign Affairs desta semana. De um jeito ou de outro o desequilíbrio de comércio e de capital teria que ser enfrentado, não da forma unilateral e truculenta que a política tarifária americana está tentando fazer mas com a sabedoria da proposta de John Maynard Keynes na Conferência de Bretton Woods em 1944. Representando a Inglaterra, Keynes propunha a criação de uma moeda única mundial lastreada em uma cesta de moedas e de um sistema global de união alfandegaria. Os Estados Unidos, maior potência superavitária na época, vetou. Impôs as regras do jogo da economia mundial no pós guerra e depois rompeu com elas. Quem sabe agora existam condições para que uma solução institucional equilibrada venha a ser considerada

De volta ao Brasil, que já roda totalmente em modo eleição, o julgamento dos acusados pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023 ocupa o centro das atenções e ganha o interesse da opinião pública. O processo escancara as fragilidades e a politização do judiciário brasileiro que mesmo assim cumpriu e cumpre seu papel na contenção do golpismo bolsonarista. Negociar com o STF o abrandamento das penas exageradas em troca da não aprovação da anistia no Congresso Nacional parece ser um caminho bem brasileiro para evitar impasse institucional. A ver.

O asilo concedido por Lula para a ex-primeira dama do Peru, condenada por corrupção envolvendo a Odebrecht é uma decisão que afronta a demanda da sociedade brasileira por justiça, quando ainda são frescas as lembranças das descobertas da Lava Jato. A corrupção do sistema político brasileiro, principalmente do governo petista, foi cabalmente demonstrada e ficou quase totalmente impune. É mais que evidente que o impeachment de Dilma Roussef não foi um golpe arquitetado pela CIA e que a eleição de Lula em 2022 não tem o condão de reescrever estes fatos. Contudo, esta história não serve para defender ou perdoar Bolsonaro e seus seguidores ainda que seja muito útil como escudo e espada na luta política e na guerra de narrativas.

Começam a aparecer pesquisas de opinião que mostram certa fragilidade de Lula para as eleições de 2026. As forças de centro se dividem entre aderir ao projeto de reeleição ou articular-se com os governadores de oposição. Inelegível e hospitalizado Bolsonaro cobra lealdade a seus aliados, especialmente a Tarcísio de Freitas, que tenta equilibrar-se entre disputar a herança do capitão e atender ao crescente desejo de moderação e desradicalização que cresce na sociedade a olhos vistos. Cedo ou tarde ele terá que escolher. As fusões e federações partidárias assim como a formação dos palanques regionais também entrarão em campo influindo nas escolhas e alianças ainda no primeiro semestre.

Como se pode ver com clareza nas redes sociais o país encontra-se em plena campanha eleitoral. Os rumos do Brasil e do mundo estão em jogo.

Luiz Paulo Vellozo Lucasé engenheiro de Produção. Mestrado em Desenvolvimento Sustentável. Ex-prefeito de Vitória-ES. Membro da ABQ-Academia Brasileira da Qualidade 

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