Bióloga brasileira vence “Oscar Verde” por trabalho com onças-pintadas

A cientista brasileira Yara Barros, de 59 anos, recebeu na última quarta-feira (30/4), em Londres, Inglaterra, o mais importante prêmio de conservação do mundo, o Whitley Prize. Ela foi premiada pelo trabalho com onças-pintadas na Mata Atlântica, bioma em que a espécie está classificada como criticamente ameaçada de extinção.

Popularmente conhecido como “Oscar Verde”, o prêmio prestigia ações de preservação da natureza desenvolvidas por conservacionistas de todo o mundo. Além do título, a cientista recebeu 50 mil libras (R$ 370 mil, na conversão atual) para o desenvolvimento de projetos ao longo do ano.

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Trabalho de captura de um animal

Yara coordena trabalho no Parque Nacional do Iguaçu
Bióloga venceu "Oscar Verde" por trabalho com onças
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Onça-pintada no Parque Nacional do Iguaçu

Divulgação/Projeto Onças do Iguaçu

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Trabalho de captura de um animal

Divulgação/Projeto Onças do Iguaçu

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Yara coordena trabalho no Parque Nacional do Iguaçu

Divulgação/Projeto Onças do Iguaçu

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Bióloga venceu “Oscar Verde” por trabalho com onças

Divulgação/Projeto Onças do Iguaçu

Barros também acaba de ser eleita uma das mais destacadas pesquisadoras e exploradoras do mundo, reconhecimento dado pelo prêmio Women of Discovery (Wings 2025), que será entregue em outubro, em Nova York, nos Estados Unidos. As premiações evidenciam a excelência de cientistas brasileiros pelo meio ambiente no ano em que o país sedia a COP30.

Paixão pelas onças

Especialista em aves, Yara Barros recebeu o convite para assumir um projeto de pesquisa sobre os grandes felinos no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, em 2018. Lá, ela conheceu a onça Croissant, por quem desenvolveu um amor à primeira vista. Desde então, o trabalho da bióloga mudou a realidade do local, que agora abriga a maior população de onças-pintadas da Mata Atlântica.

Yara atua como coordenadora-executiva do projeto Onças do Iguaçu, que visa a preservação das onças-pintadas como espécie-chave da biodiversidade do parque nacional. No lado brasileiro do parque, elas hoje são 25, mas o número chega a 91, se consideradas as que transitam no corredor verde entre Brasil e Argentina.

O projeto ajuda a evitar e resolver conflitos. E estimula o empreendedorismo de onça. Por ano, o projeto faz cerca de 400 visitas, a 100 propriedades nos 10 municípios do entorno do parque.

Na região, o conflito é com animais domésticos e de criação. Barros e a equipe ensinam práticas de manejo de animais domésticos que evitam ataques, como não deixar vacas com bezerros na mata. E, se for preciso, até ajudam a construir galinheiros e canis.

“Onde tem onça, tem vida. Tudo o que a onça quer é ser onça: caçar suas presas, ter seus filhotes, viver em paz em seu ambiente.
Não são más… Não são cruéis. São carnívoros, que caçam para sobreviver. Quando o ser humano passa a oferecer comida para atrair esses animais (não importa o motivo), isso altera o equilíbrio da relação entre pessoas e onças”, disse a cientista em uma de suas publicações.

“Quando se tenta ‘domesticar’ uma onça na natureza, nós roubamos dela seu direito mais sagrado: ser ela mesma. Uma onça que vive na natureza e é acostumada com “ceva”, na verdade, vive em cativeiro com cercas invisíveis, que a tornam dependente do ser humano, que altera o comportamento de caça e coloca as onças e as pessoas em risco. Respeitando sua natureza selvagem, garantimos que esses olhos dourados sigam brilhando nas matas sem representar riscos”, completou a bióloga.

De acordo com Yara, “não há onça mansa”. “Mas existe coexistência pacífica. Esse é um pilar do nosso trabalho. Precisamos salvar as onças e as pessoas que compartilham o planeta com elas”.

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