Câncer de próstata: novo protocolo reduz em 70% tempo de tratamento

Um novo protocolo de radioterapia para câncer de próstata pode reduzir em até 70% o tempo de tratamento, mantendo níveis de eficácia e segurança iguais ou até melhores que os observados em abordagens mais longas.

A descoberta foi apresentada nesse sábado (3/5) no congresso ESTRO 2025, realizado na Escócia. O ensaio clínico HYPO-RT-PC, liderado por pesquisadores na Suécia, comparou dois métodos de radioterapia em 1,2 mil homens com câncer de próstata localizado.

Todos eles tiveram seus indicadores de saúde acompanhados por 10 anos após o tratamento para avaliar possíveis retornos do câncer de próstata.

A nova versão mais curta do protocolo, conhecida como radioterapia ultra-hipofracionada, consiste em sete sessões distribuídas em duas semanas e meia. O esquema padrão, porém, envolve 39 sessões ao longo de oito semanas com uma dosagem menor de radiação.


Câncer de próstata

  • O câncer de próstata é o mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele, segundo o Ministério da Saúde.
  • Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando apresenta, os mais comuns incluem: dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
  • As causas não são totalmente conhecidas, mas alguns fatores como, idade, histórico familiar, obesidade, alimentação, tabagismo e exposição a podutos químicos podem aumentar o risco.
  • A doença é confirmada após fazer a biópsia, que é indicada ao encontrar alguma alteração no exame de sangue (PSA) ou no toque retal, que somente são prescritos a partir da suspeita de um caso por um médico especialista.

Estudo clínico confirma equivalência

O estudo avaliou diferentes aspectos do tratamento, como sobrevida geral, recorrência do câncer e efeitos adversos. Em todos os critérios clínicos, os resultados foram semelhantes entre os dois grupos analisados.

Após uma década, 72% dos pacientes no grupo de curta duração permaneceram livres de “falhas no tratamento”, frente a 65% no grupo que seguiu o regime tradicional. A taxa de sobrevida geral ficou em 81% e 79%, respectivamente.

A mortalidade específica por câncer de próstata foi de 4% em ambos os grupos. Os efeitos colaterais, como sintomas urinários e intestinais, ocorreram em grau leve a moderado e de maneira comparável entre os dois formatos.

Menos sessões, menos impacto na rotina

“Essas descobertas de longo prazo confirmam resultados anteriores de 5 anos do estudo, mostrando que administrar doses menores e mais altas em um período mais curto funciona tão bem quanto a abordagem padrão — não apenas na teoria, mas na prática clínica do mundo real”, afirmaram em comunicado os professores Per Nilsson e Adalsteinn Gunnlaugsson, da Universidade de Lund, que lideraram o estudo.

Reduzir o tempo necessário para completar o tratamento pode diminuir o impacto pessoal e financeiro do câncer. “Para os pacientes, isso significa menos interrupções na vida diária e custos de saúde potencialmente mais baixos — sem comprometer os resultados e a segurança”, reforçaram os pesquisadores.

Tecnologia de precisão e impacto clínico

A radioterapia de precisão, utilizada no protocolo reduzido, aplica doses concentradas diretamente no tumor, minimizando a exposição de tecidos saudáveis. Esse fator foi fundamental para o sucesso do modelo mais enxuto.

O câncer de próstata é o mais diagnosticado entre homens em escala global. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 71 mil casos são registrados todos os anos e ocorram cerca de 16 mil mortes relacionadas à neoplasia.

Embora a cirurgia continue sendo uma opção comum para o câncer de próstata, a radioterapia ambulatorial oferece uma alternativa que preserva a rotina e reduz internações.

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