Pessoas ligadas à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer) são alvo de mais uma fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (14/5). No mesmo dia, a coluna revela com exclusividade que a estrutura responsável pelo esquema bilionário já havia sido investigada e denunciada ao INSS anos antes, em apuração conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles.
Os mandados de busca e apreensão autorizados pela 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal foram cumpridos em Presidente Prudente (SP). A coluna apurou que os alvos desta fase são Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado pela PF como assessor do presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, e Ingrid Pikinskeni Morais Santos, esposa de Cícero. A Polícia Federal apura se o casal usou dinheiro da fraude para adquirir veículos de alto valor.
A operação ocorre no mesmo dia em que esta coluna revela que, em 2021, uma investigação do MPDFT já constatava irregularidades envolvendo a Conafer, a empresa Target Pesquisa de Mercado e a subcontratada Premiar Recursos Humanos. O grupo operava um esquema de filiações forjadas com documentos manipulados digitalmente. A fraude era formalizada por meio de um Termo de Cooperação Técnica com o INSS, que permitia os descontos diretos em aposentadorias.
Segundo o MPDFT, entre janeiro e agosto de 2020, o número de “filiados” à Conafer saltou de 42.810 para 279.520. O crescimento coincidiu com o fechamento das agências do INSS na pandemia da Covid-19, o que dificultou contestações. A arrecadação mensal da entidade ultrapassou R$ 40 milhões. Parte significativa dos aposentados atingidos sequer sabia da filiação. As fichas apresentadas tinham dados incompletos, ausência de datas e assinaturas duvidosas.