Balneário Camboriú (SC) – Em mais um devaneio nostálgico da extrema direita, Jair Renan Bolsonaro (PL) resolveu transformar uma sessão solene da Câmara Municipal em palanque para relativizar crimes da ditadura militar.
Durante a discussão sobre a criação do Dia Municipal da Democracia, o filho do ex-presidente exaltou o regime que torturou, matou e desapareceu com opositores, afirmando que aquele foi o “melhor período” para os mais velhos.
A proposta do vereador Eduardo Zanatta (PT) buscava homenagear Higino João Pio, primeiro prefeito de Balneário Camboriú, assassinado em 1969 pela repressão militar.
Jair Renan, sem esconder o desdém, questionou a escolha da data da morte como marco da homenagem e disparou ataques ideológicos contra o PT.
Ataca homenagem e defende golpe
Na tribuna, Jair Renan minimizou o assassinato de Higino João Pio e ironizou:
“É a primeira vez que vejo uma homenagem no dia da morte de uma pessoa. Geralmente é no dia do aniversário.”
Como se não bastasse, partiu para a defesa explícita do golpe de 1964, alegando que a tomada de poder pelos militares atendeu a um clamor popular:
“Que golpe foi esse? O povo saiu às ruas pedindo que os militares assumissem o poder com medo do comunismo.”
E ainda reforçou o revisionismo histórico ao dizer que “a maioria dos mais velhos” considera aquele período como o melhor da história do Brasil — ignorando a censura, a tortura e os assassinatos cometidos pelo regime.
Cinismo como herança política
A fala do “filho 04” do clã Bolsonaro é mais uma tentativa descarada de reescrever a história, jogando no lixo as dezenas de vítimas da ditadura, cujos nomes seguem vivos na memória de familiares e movimentos sociais.
Enquanto o Brasil ainda luta para garantir justiça e reparação, Jair Renan — eleito vereador em Balneário Camboriú — usa o cargo para reverberar o negacionismo histórico e atacar quem combateu o autoritarismo.
A fala do bolsonarista repercutiu mal nas redes e reforça o perfil reacionário de figuras públicas que usam o poder para enaltecer tempos sombrios.
A proposta de homenagem segue em tramitação, e Eduardo Zanatta reforçou que a data tem profundo significado histórico para a cidade.
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