A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou o julgamento, nesta terça-feira (20/5), para decidir se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o chamado Núcleo 3 da trama golpista que teria atuado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
O ministro Cristiano Zanin deu início aos trabalhos às 9h47.
Assista ao vivo:
O grupo é composto por 12 pessoas, entre elas militares da ativa e da reserva do Exército, além de um policial federal que aparece em áudios comentando bastidores da segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Veja a lista:
- Bernardo Romão Correa Netto;
- Cleverson Ney Magalhães;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
- Fabrício Moreira de Bastos;
- Hélio Ferreira Lima;
- Márcio Nunes de Resende Júnior;
- Nilton Diniz Rodrigues;
- Rafael Martins de Oliveira;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros; e
- Wladimir Matos Soares, policial federal.
Fazem parte desse grupo, ainda, militares presos em novembro do ano passado, no âmbito da Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal (PF), e que investigou suposto plano de monitoramento e assassinato de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O plano ficou conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”.
Os investigados foram denunciados pela PGR pelos mesmos crimes atribuídos aos demais envolvidos que se tornaram réus: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Ações táticas
A PGR sustenta que todos os denunciados participaram do planejamento de ações táticas para viabilizar o plano golpista que visava manter Bolsonaro no poder, mesmo após o resultado das eleições de 2022.
O julgamento da denúncia deve continuar na sessão da tarde, marcada para as 14h. Caso necessário, o julgamento será retomado na quarta-feira (21/5), a partir das 9h30.
A análise do caso caberá aos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Eles decidem se os 12 denunciados pela PGR viram réus.
Áudios
Entre os denunciados pela PGR está o policial federal Wladimir Matos Soares, de 53 anos. Ele foi flagrado em gravações nas quais cita um grupo armado que teria como objetivo prender ministros do STF.
Áudios obtidos e periciados pela Polícia Federal (PF) revelam que Soares revelou informações sobre a segurança do presidente Lula a servidores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em relação ao STF, o policial federal chegou a afirmar em uma das gravações que haveria um grupo armado para prender ministros da Corte suprema. Ele chega a falar ainda que haveria disposição para uso de força letal e “matar meio mundo”.
“Se as coisas mudarem lá pra frente, e por um acaso um desses ministros do STF forem ser presos, principalmente Alexandre Moraes”, diz em um dos trechos das gravações a que o Metrópoles teve acesso. Em outro trecho, ele sobe o tom.
“O Alexandre de Moraes realmente tinha que ter tido a cabeça cortada quando ele impediu o presidente (Jair Bolsonaro) de colocar um diretor da Polícia Federal, o Alexandre Ramagem. Tinha que ter cortado a cabeça dele era aqui.”
O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa de Wladimir Matos para se manifestar a respeito do caso. O espaço segue aberto.