Rio de Janeiro – Após uma década fechado, o Palácio Gustavo Capanema reabriu suas portas nesta terça-feira (20 de maio de 2025) como um grito de resistência estética, histórica e política.
Com Lula, Eduardo Paes, Margareth Menezes, Anielle Franco e Janja no palanque, o evento não foi só uma festa da cultura, mas palco para mais um apelo do prefeito: que o Rio volte a ser tratado como capital simbólica do Brasil.
Eduardo Paes aproveitou a pompa para, mais uma vez, cobrar de Lula um gesto que ele classifica como justo e sem custos: reconhecer oficialmente o Rio de Janeiro como capital honorária do país. “Essa cidade é a cara do Brasil para o mundo”, disparou.
Lula, cultura e a reinauguração de um símbolo
O Capanema, joia do modernismo nacional e cartão-postal da era Vargas, ficou dez anos fechado e passou por uma reforma de R$ 84,3 milhões, bancada pelo Novo PAC. A entrega é também um gesto simbólico: a cultura, desmontada pela extrema-direita nos últimos anos, volta ao centro do debate público. A presença das ministras Margareth Menezes e Anielle Franco, junto com a retomada da Ordem do Mérito Cultural, suspensa desde 2019, não deixa dúvidas.
Foram homenageados nomes como Alaíde Costa, Alcione, Alceu Valença e Paula Lavigne – artistas que enfrentaram a censura, o descaso e o apagamento sistemático promovido por um governo que tentou transformar arte em inimiga do povo.
Capanema vivo, público e pulsante
Projetado por Lúcio Costa com apoio de Oscar Niemeyer e consultoria de Le Corbusier, o edifício de 16 andares foi pensado para abrigar o então Ministério da Educação. Hoje, renasce como espaço cultural e administrativo, com 60% da área voltada à cultura e o restante para gestão pública. O quarto andar abrigará parte do acervo da Biblioteca Nacional, com mais de 100 mil itens musicais.
Além disso, a partir do segundo semestre, o público poderá acessar o terraço panorâmico com vista para o Centro do Rio, onde funcionará um restaurante.
Rio capital, ao menos da cultura
A defesa de Paes pode parecer apenas simbólica, mas carrega um peso histórico e afetivo. O Rio de Janeiro, que já foi capital política, segue sendo o coração cultural do país — apesar do abandono, da violência e das mazelas sociais agravadas por governos omissos. Torná-lo capital honorária seria um ato de reconhecimento da sua importância na formação do imaginário brasileiro.
E se há um governo que pode — e deve — fazer isso, é o de Lula, justamente por ter como bandeira o resgate da memória popular e o enfrentamento das distorções criadas pela necropolítica bolsonarista.