Michelle Bolsonaro não tem cargo público, nem função institucional, mas tem algo mais poderoso: carta branca do marido,um ex-presidente da República acidental, o único a não se reeleger. É por isso que Michelle manda onde não deveria mandar.
Assim como Bolsonaro, ela vive às custas do Partido Liberal (PL) que paga o aluguel de sua casa, em Brasília, salário de R$ 40 mil mensais e deslocamentos em jatinhos. E, quando quer, Michelle contraria o partido e, se necessário, o próprio maridão.
Bolsonaro evita encrenca com ela, não só porque Michelle é sua mulher, a terceira, mas porque a teme. Quando o vereador Carlos Bolsonaro, o Zero 3, sentiu-se ameaçado de ser preso, Bolsonaro quis acolhê-lo no Palácio da Alvorada. Michelle não deixou.
Ela não gosta de Carlos. A recíproca é verdadeira. Michele nunca gostou do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante-de-ordem de Bolsonaro enquanto durou seu governo. A recíproca também é verdadeira. Não confiava nele, mas foi obrigada a aturá-lo.
Michelle deitou e rolou ao saber que Mauro Cid, em delação premiada, entregara à Polícia Federal parte dos segredos que guardava sobre a tentativa fracassada de golpe de Estado, além do roubo das joias doadas ao Brasil por governos estrangeiros.
Agora, ela volta a deitar e rolar depois que se tornou pública a troca de mensagens entre Mauro Cid e o advogado Fábio Wajngarten, que era uma espécie de porta-voz de Bolsonaro. A troca de mensagens se deu em janeiro do fatídico ano de 2023.
No dia 27 daquele mês, Wajngarten enviou a Cid a notícia de que o PL estudava a hipótese de lançar Michelle como candidata presidencial no lugar de Bolsonaro, caso ele se tornasse inelegível, o que ocorreu em 30 de junho de 2023.
O tenente-coronel respondeu imediatamente: “Prefiro o Lula”. Wajngarten retrucou: “Idem”. E em seguida, escreveu: “PL vai pagar 39k por mês para Michelle ‘porque ela carrega o bolsonarismo sem a rejeição de Bolsonaro’”. Acrescentou:
“Em que mundo o Valdemar está vivendo?”
Mauro Cid foi adiante:
“Cara, se dona Michelle tentar entrar pra política num cargo alto, ela vai ser destruída porque tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela. E Valdemar fala demais também. Aquele negócio dos documentos, dos papéis, está todo enrolado agora”.
Valdemar Costa Neto é o presidente do PL. Pressionado por Michelle, demitiu Wajngarten que ganhava cerca de R$ 100 mil por mês. Michelle aspira ser candidata à sucessão de Lula em 2026 com o apoio do maridão. É uma possibilidade.
Bolsonaro será condenado e preso pelo Supremo Tribunal Federal. Sonha em cumprir a pena em casa. E se Michelle se elegesse presidente… Nesse caso, o domicílio do primeiro “damo” seria o Palácio da Alvorada até que a presidente o indultasse.
Parece incrível? Pois não é. No Brasil nada é incrível.
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