Ex-comandante da FAB: Bolsonaro foi alertado sobre lisura das urnas

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou, em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alertado sobre a lisura das urnas eletrônicas após as eleições de 2022.

Baptista Júnior depõe na manhã desta quarta-feira (21/5) como testemunha no processo que apura uma suposta trama golpista. O ex-comandante apontou que esteve reunido com Bolsonaro em cinco ou seis ocasiões, nas quais teria explicado ao ex-presidente que não havia irregularidades no processo eleitoral que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Eu estava convencido da lisura do processo eleitoral. Comentei com Jair Bolsonaro. Comentei em cinco ou seis reuniões que não havia indícios de vulnerabilidade nas urnas. Ele me apresentou o relatório do IVL [Instituto Voto Legal] com um possível erro que poderia alterar o resultado”, explicou ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Quando questionado se Bolsonaro foi informado dessas conclusões sobre as urnas, que indicavam ausência de fraudes, Baptista Júnior respondeu afirmativamente: “Sim, senhor”.

Argentino

Gonet aproveitou para questionar sobre o ex-marqueteiro de Javier Milei, Fernando Cerimedo. Apesar de ter sido um dos indiciados pela Polícia Federal (PF), ele escapou da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O procurador perguntou se o ex-comandante ou outros integrantes das Forças Armadas chegaram a avaliar os pontos trazidos pelo argentino sobre supostas fraudes nas urnas. Baptista Júnior afirmou que não teve conhecimento.

“Sobre o argentino, não tive conhecimento. No dia 14 de novembro, o presidente chamou o ministro da Defesa e os três comandantes; nos reunimos. O presidente entregou uma cópia a cada um de nós. Eu falei: ‘Presidente, esse relatório está mal escrito. Contém erros’”, relatou.

Gonet então perguntou se Baptista Júnior teve notícias ou ouviu falar de alguma pressão vinda de Bolsonaro para interferir na divulgação desses relatórios que buscavam questionar a lisura das eleições. O ex-comandante salientou que “sim”, dando a entender que o ex-presidente tinha conhecimento dessas movimentações.

Ordem de prisão

Baptista Júnior contrariou a versão do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e afirmou que o então chefe do Exército chegou a determinar a prisão de Bolsonaro caso fosse levado adiante um plano de golpe de Estado.

Questionado por Gonet, Baptista Júnior afirmou que Freire Gomes deu a ordem de prisão a Bolsonaro para o caso de prosseguimento da tentativa golpista.

“Confirmo, sim senhor. General Freire Gomes é uma pessoa polida, educada, não falou essa frase com agressividade, mas colocou exatamente isso “Se o sr. fizer isso, terei que te prender”, disse o ex-comandante da Aeronáutica.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.