Cisjordânia ocupada – Em mais um episódio que escancara o desprezo de Israel pelo direito internacional, soldados israelenses atiraram contra uma comitiva diplomática nesta quarta-feira (21 de maio), durante visita ao campo de refugiados de Jenin, na Palestina.
O grupo era formado por representantes de mais de 20 países, incluindo um diplomata brasileiro, ainda não identificado. A delegação inspecionava os destroços causados pelas recentes operações militares na região, quando foi recebida a tiros por militares armados até os dentes.
Disparam até contra diplomatas
Enquanto avaliavam os danos causados pelas incursões de Israel, os diplomatas foram surpreendidos por rajadas disparadas por soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI).
“Não foi um ou dois tiros. Foram vários disparos. Uma loucura”, relatou um dos integrantes da comitiva à AFP, sob anonimato.
Segundo o governo palestino, a ação foi “deliberada, intimidadora e ilegal”, violando diretamente a Convenção de Viena, que garante proteção diplomática em qualquer território.
O Exército israelense, como de costume, tentou jogar a culpa nos próprios alvos: alegou que o grupo teria “desviado da rota autorizada” e justificou os disparos como “advertência”. Nenhum diplomata ficou ferido – por pouco.
Brasil no fogo cruzado
A presença de um representante do Brasil na missão diplomática eleva a gravidade do caso. Embora o nome ainda não tenha sido divulgado, é esperado que o Itamaraty se manifeste oficialmente.
Até o momento, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado abertamente as ações militares israelenses em Gaza e na Cisjordânia, e já classificou o que ocorre na região como genocídio contra o povo palestino.
O Diário Carioca tem feito a cobertura crítica e constante da escalada de violência na Palestina. Confira mais conteúdos na seção Internacional.
Europa reage com indignação
Os países europeus presentes na missão reagiram com fúria. O chanceler da Espanha, José Manuel Albares, exigiu uma investigação imediata e transparente. França e Itália classificaram o ataque como “inaceitável” e convocaram os embaixadores israelenses.
A representante da União Europeia, Kaja Kallas, exigiu punição aos responsáveis e denunciou a escalada autoritária de Israel.
Enquanto isso, o silêncio de Washington sobre o ataque evidencia mais uma vez a cumplicidade dos Estados Unidos com a máquina de guerra israelense.
The occupation forces opened heavy fire from inside the Jenin refugee camp to intimidate the diplomatic delegation that is conducting a field tour around the camp to witness the extent of the suffering endured by the residents of the area.
قوات الاحتلال تطلق النار بشكل كثيف من… pic.twitter.com/qafjqQP0Sg
— State of Palestine – MFA
(@pmofa) May 21, 2025
Jenin sob escombros e medo
A cidade de Jenin, onde ocorreu o ataque, está entre os epicentros da repressão militar israelense na Cisjordânia. Estima-se que mais de 600 casas foram destruídas nos últimos meses.
As condições humanitárias são descritas como catastróficas, e o cerco permanente impede o acesso a água, eletricidade e medicamentos.
No mesmo dia do ataque à comitiva, novos bombardeios de Israel atingiram a Faixa de Gaza, matando dezenas de civis – entre eles, crianças.