Rio de Janeiro – A febre do oropouche fez mais duas vítimas fatais no estado do Rio de Janeiro em 2025, elevando para três o total de mortes confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ). As vítimas, duas mulheres de Macaé e Paraty, apresentaram sintomas em março e morreram poucos dias após a internação.
Apesar do tom oficial de “casos isolados”, o número de registros já passa de 1.500, com concentração em municípios como Cachoeiras de Macacu, Angra dos Reis e Guapimirim. Enquanto isso, a população segue à mercê de um sistema que ainda engatinha no combate eficaz ao mosquito-pólvora, vetor da doença.
Vírus avança enquanto governo minimiza
O Laboratório Noel Nutels (Lacen-RJ) confirmou que as mortes foram causadas pelo vírus oropouche, transmitido pelo mosquito-pólvora — um minúsculo inseto da família das moscas, encontrado com frequência em áreas com mata e matéria orgânica acumulada.
A secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, afirmou que a vigilância foi intensificada desde o primeiro caso registrado em 2024. No entanto, o avanço silencioso do vírus e a semelhança dos sintomas com a dengue dificultam o diagnóstico e atrasam o tratamento.
Conheça os sintomas e riscos
Os sinais mais comuns da febre do oropouche incluem:
- Febre alta
- Dor de cabeça intensa
- Dores musculares e articulares
- Náuseas e vômitos
- Calafrios persistentes
Apesar da maioria dos pacientes se recuperar sem sequelas, casos graves podem evoluir rapidamente, especialmente entre idosos, crianças e pessoas imunocomprometidas.
Cidades com mais casos no RJ
- Cachoeiras de Macacu – 649
- Macaé – 502
- Angra dos Reis – 320
- Guapimirim – 168
- Paraty – 131
Mesmo com a multiplicação dos casos, a SES-RJ afirma que não há surtos ativos. A declaração, no entanto, contrasta com o avanço da doença em municípios com pouca infraestrutura para controle de vetores.
Prevenção depende da população — e do poder público
A prevenção da febre do oropouche ainda recai sobre os ombros da população. Medidas como uso de repelentes, roupas de proteção e eliminação de criadouros são essenciais.
Enquanto isso, estados e municípios se articulam tardiamente. A falta de campanhas amplas, ações permanentes e investimentos reais na vigilância sanitária deixam o RJ vulnerável a um cenário já visto com outras arboviroses, como zika e chikungunya.
Um problema que não para de crescer
Com o aumento dos episódios climáticos extremos e a proliferação de mosquitos em áreas urbanas, doenças como a febre do oropouche tendem a se tornar rotina. Países tropicais, como o Brasil, já vivem sob ameaça constante, como alertou recentemente reportagem do The Guardian.
O risco não é futuro. É agora. E precisa de mais do que discursos prontos.