Tão falsos, como notas de Três Reais.

Como uma nota de Três Reais é a valia real da opinião publicada dos que usam sua coluna em mal disfarçado proselitismo político.

Digo assim, porque o proselitismo político só deveria existir nos periódicos circunscritos aos partidos e às respectivas agremiações partidárias.

Na minha infância, por exemplo, o Diário de Sergipe era o Jornal bastião do Partido Social Democrático (PSD), seu aliado, com o Partido Republicano (PR), ambos partidos dos Leite, dos irmãos José Rollemberg Leite e Francisco Leite Neto, e do tio de ambos o Perrepista, Júlio Cesar Leite, dirigido pelos Deputados Pedro Barreto de Andrade e meu pai, Manoel Cabral Machado.

Nas minhas lembranças, o Diário de Sergipe funcionava no então bem chamado, “Beco do Açúcar”, na Travessa Deusdedith Fontes, localizada entre as Ruas de Laranjeiras e São Cristóvão, proximidade de um mictório publico, que se destacava pela imponência dos coletores de urina confeccionados em louça, algo que em minhas recordações infantis, creio hoje que bem serviria para bons desfechos eflúvios de gangsters à moda Al Capone de Chicago, sobretudo para consumação de suas desforras.

Mas, já que enveredei por becos, direi que existia também o “Beco dos Cocos”, lá pras bandas dos Mercados Antonio Franco e Thales Ferraz, próximo ao “Vaticano”, na Travessa Silva Ribeiro, de dia um operante logradouro comercial, e à noite, uma zona boêmia, um lugar feérico onde a mocidade sergipana, entre muitos risos e cores, e alguns velhos também, se compraziam e se divertiam, permutando vastas levas de cocus e levedos, sem muitas preocupações higiênicas.

Existia, todavia, uma preocupação notável: o poder publico naquele tempo semeava pela cidade alguns banheiros e sanitários, hoje não tanto!

E se falei acima de um mictório, direi que Aracaju tinha um outro mijador, bem famoso, por central.

Era uma casinha redondinha e bonitinha, situada no centro da Praça  Almirante Barroso, justo numa posição em que as estátuas do Padre Olímpio Campos e do Tribuno Fausto Cardoso, mortos a bala em 1906, não conseguiam se enxergar, afinal um exalo de fedentina os separavam…

Deixando agora a micção e a urina e voltando aos Jornais, e ao Diário de Sergipe em particular, direi que do seu apoio vingaram dois Governador do Estado, José Rollemberg Leite e Arnaldo Rollemberg Garcez, dois Senadores da República: Francisco Leite Neto e Julio Cesar Leite e vasta gama de Deputados e Vereadores.

Em oposição ao PSD vinha o Correio de Aracaju, pertencente a União Democrática Nacional (UDN), agremiação liderada por Leandro Maynard Maciel, Luiz Garcia e Heribaldo Vieira, que os elegeu Governadores e Senadores, bem como vários próceres entre Deputados e Vereadores.

Distanciado da luta político-partidária, mas coerente com o seu pensamento conservador e religioso, vinha o semanário A Cruzada, jornal ligado à então Diocese de Aracaju, tempo dos Bispos Dom Fernando Gomes e Dom José Vicente Távora, no qual escreviam vários nomes da Ação Católica de Sergipe, como José Silvério Fontes e meu pai,Manoel Cabral Machado, liderados pelos Padres Luciano Cabral Duarte, depois destacado Arcebispo de Aracaju e pelo Monsenhor João Moreira Lima, aguerrido pregador anticomunista ferrenho, fundador do Círculo Operário Sergipano.

Outros jornais se destacavam, já que meu pai os assinava todos: “O Nordeste”, ligado ao Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB de Getúlio Vargas, liderado pelo Deputado Francisco de Araújo Macedo;  o “Sergipe Jornal”, do Jornalista Paulo Costa, pai do articulista e escritor, Luiz Eduardo Costa, ambos de excelente redação, que nas minhas lembranças, pontuava uma opinião sempre elogiável por independência e sobriedade, e a “Gazeta Socialista”, do Jornalista Orlando Dantas, ligado à chamada “Esquerda Democrática”, quiçá apêndice do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, agremiação de poucos adeptos, tendo Orlando Dantas, trocado o nome para Gazeta de Sergipe, virando diário, após o Movimento Militar de 1964, semeando grande leva de jornalistas, com destaque para Luiz Antônio Barreto, Ariosvaldo Figueiredo, os irmãos Rosas, José e Francisco, e tantos outros articulistas notáveis, como Paulo Dantas Brandão, seu neto e sucessor, e Zózimo Lima com suas deliciosas “Variações em Fá Sustenido”.

A parte estes jornais, havia publicações outras de vertente comunista, muitas vivendo na clandestinidade por proibidas, desde que o Partido Comunista Brasileiro o PCB e/ou PCdoB, foram decretados “fora-da-lei”, com os seus Deputados, como Armando Domingues, e Vereadores, como Carlos Garcia, sido apeados do mandato, por consequência da Guerra Fria, isso no Governo Dutra, em vida efêmera.

Ou seja: tais publicações tinham um interesse político, motivação que faria surgir as Emissoras de Rádio, a Estatal-Difusora, Aperipê, a Liberdade de Albino Silva da Fonseca, a Jornal do PSD-PR, a Cultura da Diocese, e todas as outras que surgiram depois, como a Atalaia do Empresário Augusto Franco, sendo seguidas pelas Repetidoras de Televisão; Tupi, Globo, Manchete, etc.

Digo tais exemplos por lembrança, porque estes órgão comunicadores tinham o seu interesse político.

No caso nosso em questão, como tais órgãos se fizeram muito apoiadores ao Regime Militar vigente, e então já decadente, a oposição nascente, com José Carlos Teixeira, Gilvan Rocha e Jackson Barreto, sobretudo este último, começou a vergastá-los na telinha com graça e criatividade, cunhando a conhecida marca depreciativa: “Rede Baiacu de Radio e Televisão”, sobretudo quando os canais de TVs eram abertos para os assim chamados “Horários Políticos”, sob os auspícios do Tribunal Regional Eleitoral.

Necessário dizer também, que estribado nesse amplo acervo informacional foi construído uma ampla aliança que se fez vitoriosa entre João Alves Filho e Albano Franco, que enquanto juntos e aliados, ganharam todas as eleições que disputaram. E só perderam depois pelas cizânias de alguns dos seus apaniguados, que construíram mais divisões que unidade.

Hoje, porém, quem ousar encontrar uma consistência programática, uma independência lógica, uma boia evitando soçobrar nos afundamentos da vida, encontrará nos escritos publicados na nossa imprensa uma âncora para mergulhar de vez, e mais rápido, nas trevas da ignorância.

Pelo menos, naqueles que visito, e cada vez deles me afasto…

Porque ninguém ali se salva, frequentando os seus escritos, nem melhora, pelo memos, qualquer coisa, com suas opiniões, em mal disfarçada isenção…

Anima-lhes uma reles torcida, espécie de clubismo, que a isso eu não condeno, e louvaria até, mas fingir uma rota independente, em juras de imparcialidade, aí não me conquista…

Sobretudo se parcial é o seu pensar, fazendo-se cruel mais das vezes, e ferino, contra aquele ou aquilo que lhe não é perfume.

Ideologicamente, em maioria, muitos se confessam de esquerda, por progressista e tolerante, perfumoso e bem-falante…

Porque as esquerdas, sempre elas, e só elas, quem não se lembra?, só elas tinham as soluções para os grandes temas da sociedade…

Com esse enviés; elas cresceram; se fizeram quase unanimidade no mundo, e depois passaram a naufragar, como enorme navio sem rumo, e sem abalroar percalços para culpar no seu acaso de rota, por iceberg desinfeliz, soçobrando por fim, sem empuxes nem repuxes, que lhe dê bons flutues. Ou seja: está afundando sozinha, e sem marujos!

Agora mesmo há um tsunami de denúncias contra os descontos indevidos dos velhinhos do INSS, no entanto nada disso abala os nossos beletristas opinadores da política, na sua campanha de desinformação diária pela nossa imprensa.

Por que falar desse furto, se foi fruto ou usufruto para um bom amparo social, e porque o seu remexer sindical, afetará cada vez mais o governo de seu apoio, do velho Lula de seu aboio abstruso, que sempre obtuso piora; o nosso viver?

Não tem sido assim, por anos a fio, quebrando a nação?

E agora sobretudo, quando a troça o acompanha em ampla infelicidade, vaiado até por uma leva de Prefeitos desocupados em Brasília.

Ou não está sendo assim em todo canto desse país, e no nordeste também, terra que lhe deu 70% dos votos apurados na última eleição? Sua vitória só surgindo pela tola união nordestina; gloriosa, por glosa; equivocada!

Um equívoco descabeçado, porque o comum nos nossos municípios e paróquias é uma polarização de grupos, espécie de divergência clubística e pastoril, azul, encarnada, com os jacarés e crocodilos se mordendo, lagartixas subindo todas as lisas paredes, que unidas ficaram vendo em Lula, o novo alforriado, o remédio único da nação, seu veneno, sua peçonha, sua falta de vergonha, dele e nossa, que nada aprendemos e com ele só erramos…

E assim eis o Lula III, ou , fazendo mais do mesmo, mensalão e petrolão, que se foram sem saudades, nem cadeias de necessário presídio, e agora com o furto dos velhinhos distantes, lá do longínquo Amapá, que ninguém quer conhecer, nem ir pra lá, mesmo sendo vizinho da França, um país europeu charmoso, nos confins do Orinoco!

Amapá, justo um dos Estados mais novos, benjamins, e que tem dois Senadores muito importantes por aguerridos, infelizmente; o Presidente, Davi Alcolumbre, alcunhado de Batoré, e o esganiçado, Randolfe Rodrigues, defensor ferrenho do DPVAT aquele imposto que morreu, mas logo, logo, ressurgirá!

Porque diferente de Jesus, que só ressuscitou uma vez, a corrupção no Brasil volta e meia ressuscita…, igual a inflação endêmica, sempre recidivando e combalindo essa nação infeliz…

Mas, como eu dizia, a imprensa como cédula invalida de R#3,00, tudo quer acobertar…

Ninguém fala, ninguém diz nada, parece Nero tocando harpa, compondo versos, enquanto Roma arde, esbraseia…

Quem sabe se o seu trinado não acalma o fogo, realçando a sua beleza?

– “Mas, o fogo é tão longe! – dirão – Ora bolas! Só chamuscou uns velhinhos…”

– “E em Sergipe mesmo, ao que parece, ninguém lesou nem foi garfado…” Graças a Deus ou termos poucos Asmodeus!

– “Para quê deles falar, pelamordedeus!, se estão tão distantes? ‘Tão longe, de mim distante/ Onde irá o meu pensamento!’  Não era assim que cantava o Campineiro Carlos Gomes, que preferiu morrer no distante Grão Pará?!”

– “Por quê os guaiamus de Aracaju deverão ser incomodados com o Desmando do INSS, com os passeios com o avião repleto de convivas para a Missa de Corpo Presente do Papa Francisco?”

– “Por quê os caranguejos daqui devem reprovar os muitos valsejos de tanta gente que saiu no buxo do avião presidencial para curtir goles de vodca ouvindo balalaica e mordiscando ovas de beluga, na Rússia com Vladimir Putin, e sofrer baculejos outros, por chineses, de Xi Jinping, que nos dará em contrapartida o Know-How necessário para calar as inconvenientes Redes Sociais?”

– “Por quê os nossos aratus e maçunins não deveriam prantear o uruguaio José Mujica, por quem o Brasil deve carpir, para melhor esquecer a fraude inútil do INSS, que não será única, nem a última, nesse governo?”

Pior para tais encantadores de mariscos, não foi um nosso Deputado ter viajado para os Estados Unidos para ver o Laranjão Trump, ele Deputado, que está quase herói enfrentando a relatoria de um Projeto de Anistia aos “Manifestantes do Oito de Janeiro”, no intitulado “Golpe do Batom da Pipoca e do Algodão Doce”, só querendo pacificar o país, arriscando a ser arrestado como apoiador de golpista, porque não lhe faltam aqui, entre muitos bagres e baiacus surubis, muitos seus acusadores e detratores; justo ele o único parlamentar de Sergipe a merecer um destaque nacional, no que diz e no que faz, e por ser assim, muito vem crescendo e incomodando…

Porque haja incômodo para esta imprensa que toca cítara, como  Nero, enquanto o país arde como Roma.

Será que eles não se veem UlissesOdisseus às avessas, entupindo cera de abelha nos ouvidos dos sergipanos, para evitar-nos escutar os cantos das sereias distantes que veem todo o caos imperar no país e nos alarmam?

Podem eles, com seus escritos divagantes e delirantes nos afastar da realidade de molde a pensar deles diferente?

Não se veem como Neros piores, por de Hospício, tocando harpa, fingindo artista mor, em meio a tanta confusão maior; por alarmante?

Não é à toa, que essa gente vem perdendo sua credibilidade, como sua lira desafinada…

São notas de Três Reais. Não compram nada!

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