Na febre dos bebês reborn, web não perdoa e Bolsonaro vira “Bebe Rouborn”

São Paulo – A palavra-chave “bebês reborn” virou alvo de polêmica e memes depois que deputados do Partido Liberal (PL) protocolaram projetos para proibir o atendimento desses bonecos ultra realistas no Sistema Único de Saúde (SUS).

A proposta do deputado Paulo Bilynsky (PL-SP) quer evitar que profissionais de saúde percam tempo e recursos com “objetos inanimados”, enquanto a internet não perdoa: Bolsonaro foi ironizado como “Bebe’Rouborn’”, ganhando até memes que satirizam a situação.

Os bebês reborn são bonecos hiper-realistas que reproduzem a aparência e até os comportamentos de bebês de verdade. Popularizados por um público que vai de colecionadores a pessoas com dependência emocional, esses bonecos já têm nomes, histórias e até “atendimento médico” simulado nas redes sociais. Vídeos de usuários imitando rotinas reais, como alimentar ou acalmar o “bebê”, viralizaram, gerando desde aplausos até uma onda de críticas e preocupações.

A proposta do deputado Cristiano Caporezzo (PL-MG) quer vetar o atendimento hospitalar aos bebês reborn, enquanto o deputado Zacharias Calil (União Brasil-GO) propõe multa pesada, entre 5 e 20 salários mínimos, para quem tentar obter benefícios como atendimento preferencial ou uso de assentos reservados simulando um bebê real. A justificativa: impedir fraudes que sobrecarregam o SUS e desrespeitam os direitos de quem realmente precisa.

Na contramão da repressão, a deputada Rosangela Moro (União Brasil-SP) apresentou projeto para oferecer acolhimento psicossocial às pessoas que desenvolvem vínculos afetivos intensos com esses bonecos, reconhecendo o fenômeno como um possível sintoma de sofrimento emocional grave, incluindo depressão e isolamento.

Enquanto o debate político esquenta, a web não deixa barato. No TikTok, Twitter e Instagram, usuários transformaram o tema em piada, mostrando “bebês reborn” em situações absurdas e criando versões humorísticas que associam o ex-presidente Jair Bolsonaro à figura do “Bebe’Rouborn’”, zombando da mistura de política, dependência emocional e descontrole social.

A discussão transcende o humor: deputados do PL tentam transformar um fenômeno cultural em alvo de proibição, misturando moralismo com controle social, enquanto especialistas alertam para a necessidade de tratar as causas do vínculo afetivo exacerbado. O SUS, pressionado por falta de recursos e demanda crescente, vê no tema um conflito entre atendimento público e direitos individuais.

O Diário Carioca traz essa pauta para além dos memes, destacando o risco real de criminalização de comportamentos ligados à saúde mental e a utilização do sistema público como campo de batalha ideológica do bolsonarismo.

O Carioca esclarece

Por que isso importa? Porque o debate coloca em xeque o uso do SUS e aborda a saúde mental numa era de isolamento social crescente e dependências afetivas pouco compreendidas.

Quem são os envolvidos? Deputados do PL e União Brasil, usuários e colecionadores de bebês reborn, profissionais de saúde, além do público que acompanha e reage na internet.

Qual o impacto no Brasil? A proposta pode restringir direitos e estigmatizar pessoas com sofrimento psíquico, além de abrir precedente para criminalização de expressões culturais e emocionais.

Como isso afeta a democracia e os direitos? Demonstra a tentativa de impor normas morais rígidas sob justificativa de “eficiência” administrativa, ameaçando a diversidade de comportamentos e a assistência integral em saúde.

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