Wagner Moura conquista Cannes com “O Agente Secreto”

Nota da Editora: Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho transformaram Cannes em território brasileiro — e politizado. Em plena era de ataques à cultura, seus prêmios são vitória da arte combativa e do cinema que não abaixa a cabeça.

Brasília – O cinema brasileiro voltou a brilhar sob os holofotes internacionais. Wagner Moura foi consagrado melhor ator no Festival de Cannes, neste sábado (24), por sua atuação visceral no thriller político O Agente Secreto, enquanto o pernambucano Kleber Mendonça Filho levou o prêmio de melhor direção. Duas estatuetas que valem mais que aplausos: são um tapa elegante em tempos de desmonte cultural no Brasil.

Filme político em destaque no coração da França

Gravado em coprodução com a França, O Agente Secreto não é apenas cinema — é denúncia, é memória, é resistência. Moura encarna um personagem soturno e multifacetado, mergulhado em conspirações, espionagem e traições típicas de governos autoritários. Um papel feito sob medida para o ator baiano, que desde Tropa de Elite sabe como fazer o Brasil encarar seu espelho.

No palco de Cannes, Wagner Moura dedicou o prêmio ao elenco e à equipe técnica, mas também fez questão de frisar: “A cultura precisa de investimento público. Sem isso, a arte morre e a democracia perde voz”.

Reconhecimento da crítica e esperança para o setor

Antes mesmo da premiação oficial, o longa já havia levado o Prêmio da Crítica — um reconhecimento paralelo, mas poderoso, que costuma antecipar os queridinhos de público e imprensa. Uma espécie de radar artístico que detecta relevância social e impacto narrativo.

O feito de Moura o coloca como o segundo ator brasileiro da história a ganhar o troféu em Cannes. Já Mendonça Filho, que ficou conhecido mundialmente com O Som ao Redor (2012) e Bacurau (2019), reafirma sua posição como um dos diretores mais potentes do cinema mundial.

Cinema brasileiro resiste — e conquista

Em um momento em que a indústria audiovisual brasileira sofre com cortes de financiamento, perseguições ideológicas e precarização, a vitória em Cannes é mais que simbólica. É uma resposta. É o mundo dizendo: o Brasil importa. Suas histórias também.

Ao lado da produtora Emilie Lesclaux, sua parceira de longa data, Mendonça Filho exaltou a importância das coproduções internacionais para viabilizar filmes de qualidade no país. “Este reconhecimento mostra que histórias locais podem dialogar com o mundo inteiro”, disse.

O futuro do cinema nacional passa por políticas públicas

A dupla brasileira saiu ovacionada do Palais des Festivals, levando mais do que troféus: carregaram esperança, visibilidade e munição política para quem luta por uma cultura viva e plural.

Se depender de Moura e Mendonça, o Brasil continuará incomodando — com arte, com crítica e com coragem. E que venham mais agentes secretos, mais bacuraus, mais narrativas que não pedem licença para existir.


O Carioca esclarece

Quem é Wagner Moura e por que ele foi premiado em Cannes?
Wagner Moura é um dos atores brasileiros mais reconhecidos internacionalmente. Foi premiado por sua atuação no filme O Agente Secreto, um thriller político exibido no Festival de Cannes.

O que representa essa vitória para o cinema brasileiro?
A premiação reforça o prestígio do cinema nacional e representa um fôlego importante em meio aos cortes de verbas públicas e ataques à cultura no Brasil.

Quem é Kleber Mendonça Filho e qual sua importância no cenário atual?
Diretor de filmes como Bacurau e O Som ao Redor, Mendonça Filho é referência do cinema autoral brasileiro, combinando crítica social com linguagem estética sofisticada.

Como isso afeta a política cultural no Brasil?
O reconhecimento internacional pressiona por maior valorização e investimento no setor audiovisual, fortalecendo a luta por políticas públicas de fomento à cultura.

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