Rio de Janeiro – Com clima de espetáculo e devoção, a 18ª edição da Marcha para Jesus tomou conta do centro do Rio de Janeiro neste sábado (24). Cerca de 300 mil fiéis se concentraram na Avenida Presidente Vargas e seguiram em caminhada até a Praça da Apoteose, no Sambódromo, onde mais de 40 mil pessoas acompanharam um verdadeiro festival de música gospel, com apresentações ao longo de oito horas.
A Marcha para Jesus já faz parte do calendário oficial da cidade e atrai caravanas de diversos municípios do estado. O evento, promovido pelo Conselho de Ministros do Rio de Janeiro (Comerj) com apoio da Prefeitura e do Governo do Estado, teve como tema este ano “A paz é para todos” — em contraste gritante com o clima de insegurança que marca o cotidiano carioca.
Shows, fé e estrutura de festival
No palco montado na Apoteose, nomes de peso do cenário gospel se revezaram, incluindo Aline Barros, Thalles Roberto, Midian Lima, Bruna Karla, Sarah Beatriz, Samuel Messias, Valesca Mayssa e Renascer Praise, entre outros. A programação musical começou às 15h e segue até às 23h.
A cantora Sued Silva, que participou pela primeira vez da Marcha no Rio, disse estar emocionada com a dimensão do evento:
“O nome de Jesus é glorificado através desse evento. Tenho certeza que hoje não vai ser diferente.”
Segurança e operação urbana
Para dar conta da multidão, a Prefeitura do Rio mobilizou uma operação especial com agentes de sete órgãos e secretarias, incluindo CET-Rio, Guarda Municipal, Comlurb e o Centro de Operações Rio (COR-Rio).
Setenta câmeras e dois drones acompanharam todo o trajeto, monitorando o deslocamento dos fiéis desde a Avenida Presidente Vargas até a Marquês de Sapucaí. Mais de 100 operadores atuaram na Sala de Situação do COR com um layout de monitoramento exclusivo para o evento.
Leia Também: Cláudio Castro na Marcha para Jesus: fé ou oportunismo político?
No trânsito, interdições começaram ainda na sexta-feira (23). Cerca de 74 agentes atuaram para bloquear vias, orientar pedestres e evitar estacionamentos irregulares. Já a limpeza ficou a cargo de 130 garis, distribuídos em dois turnos, acompanhando os fiéis do início ao fim da caminhada.
Tradição e institucionalização
A Marcha para Jesus foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro em 2023. A primeira edição no Rio aconteceu em 1998. Em 2009, o evento ganhou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, celebrado em 3 de setembro. Dois anos depois, passou a integrar o calendário oficial da cidade.
Segundo o presidente do Comerj, pastor Cláudio Duarte, o tema “A paz é para todos” foi escolhido em resposta à situação social e de segurança que assola o estado:
“Somos um só povo, povo do Deus altíssimo. Vamos adorar, vamos engrandecer o nome do senhor e vamos ver a boa mão do nosso senhor agindo em prol do nosso estado.”
Fé e política de mãos dadas
Com patrocínio do Governo do Estado, a Marcha contou com a presença do governador Cláudio Castro (PL), que fez questão de aparecer na Apoteose, consolidando o já conhecido laço entre setores do neopentecostalismo carioca e a política conservadora fluminense. A presença de figuras públicas reforça o peso político do evento, que há tempos deixou de ser apenas uma celebração religiosa para se tornar também uma vitrine de interesses — nem sempre tão santos assim.
O Carioca esclarece
O que é a Marcha para Jesus?
É um evento religioso anual que reúne fiéis cristãos em caminhada, celebrações musicais e discursos de fé, com forte participação de igrejas evangélicas.
Por que a Marcha para Jesus é importante?
Além da dimensão religiosa, o evento tem peso político e simbólico, com apoio institucional e presença de autoridades, o que levanta discussões sobre o uso de recursos públicos em eventos religiosos.
Qual o impacto social da Marcha para Jesus?
A Marcha movimenta setores do turismo, comércio e transporte, além de reforçar a presença do discurso religioso nas pautas públicas e institucionais.
Como o evento interfere na rotina da cidade?
Com interdições, reforço no transporte e operação de limpeza, a cidade se reorganiza para acomodar a marcha, especialmente nas regiões centrais.
Com informações da Agência Brasil
