PGR cruza dados de aliados de Bolsonaro

Brasília – Cerco jurídico aperta aliados de Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai cruzar os depoimentos dos principais nomes do antigo governo para desmontar — com fatos — o enredo golpista que tentou sequestrar a democracia em 8 de janeiro de 2023. O movimento, capitaneado pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), marca o início da fase mais contundente da instrução criminal contra o “núcleo 1” da tentativa de golpe.

No centro da tensão, estão ex-ministros como Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), hoje governador de São Paulo, Marcelo Queiroga (Saúde), Adolfo Sachsida (Minas e Energia) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União). Todos serão ouvidos até 2 de junho, e suas versões confrontadas ponto a ponto — em busca de contradições que possam escancarar a engrenagem golpista.


PGR cruza dados de depoimentos e prepara novas medidas

O que a PGR cruza de dados não é trivial: envolve os bastidores das reuniões do Planalto, a blindagem jurídica articulada durante o governo Bolsonaro e o suposto aval para o uso das Forças Armadas como linha de frente de um golpe. Segundo fontes ouvidas pela CNN Brasil, a análise cuidadosa desses relatos poderá gerar novas diligências, acareações e até buscas e apreensões.

É o que sinaliza o próprio Paulo Gonet, procurador-geral da República, que — ao contrário do ex-chefe da PGR Augusto Aras — tem deixado claro que não vai lavar as mãos diante do golpismo institucionalizado.


Nomes de peso na linha de fogo

Os nomes que agora precisam explicar o que sabiam — e quando sabiam — sobre a conspiração que culminou no 8 de Janeiro não são figuras secundárias. Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” do mercado financeiro, era o cérebro econômico do governo e mantinha articulações diretas com empresários bolsonaristas.

Tarcísio de Freitas, além de ex-ministro da Infraestrutura, era considerado peça-chave no bolsonarismo “racional”, e sua permanência como governador de São Paulo dá à sua oitiva um peso político evidente.

A linha do tempo da instrução criminal começou a correr em 19 de maio, e deve se encerrar até o início de junho, quando Moraes programará os interrogatórios formais dos réus.


STF monta tabuleiro contra negacionismo

Com o avanço da coleta de provas, o STF consolida sua posição como último bastião institucional contra a sanha autoritária de Jair Bolsonaro e seus aliados.

A investigação desvela o que muitos insistiram em chamar de “exagero” ou “narrativa”: havia sim um plano articulado para subverter o resultado eleitoral de 2022, com respaldo de setores do Executivo, empresários extremistas e militares oportunistas.

Ao cruzar versões, datas, documentos e movimentações de bastidores, a PGR busca evidências sólidas para romper o pacto de silêncio — e mostrar que o golpe não foi uma fantasia coletiva, mas uma ameaça real, planejada e financiada.


E se surgirem contradições?

Se os depoimentos divergirem em pontos considerados-chave — como a reunião ministerial após a derrota nas urnas ou o papel do Gabinete de Segurança Institucional — a PGR pode solicitar acareações entre testemunhas, convocar novos depoentes ou autorizar ações invasivas, como já ocorreu nas investigações sobre fake news e milícias digitais.

Segundo interlocutores do STF, esta fase da investigação é crucial para “fechar o cerco” em torno dos principais articuladores da ruptura democrática. Moraes, como relator, tem poder para acelerar ou expandir o processo — e já demonstrou que não hesita em fazê-lo.


O Carioca esclarece

Quem são os convocados na nova fase da investigação?
Ex-ministros do governo Bolsonaro, incluindo Paulo Guedes, Marcelo Queiroga, Tarcísio de Freitas, Bruno Bianco e Adolfo Sachsida.

Por que a PGR está cruzando depoimentos?
Para identificar contradições entre testemunhas que possam revelar mentiras, omissões ou conluios que justifiquem novas diligências.

O que pode acontecer se houver divergências relevantes?
A PGR pode solicitar acareações, buscas e apreensões, além de abrir novos inquéritos com base nas provas colhidas.

Como isso impacta a democracia?
A apuração ajuda a reconstruir a verdade histórica sobre a tentativa de golpe, combatendo a impunidade e reforçando o Estado de Direito.

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