Estudos astronômicos ao longo das décadas indicam que as galáxias se organizam em uma teia cósmica — uma estrutura composta por filamentos, aglomerados e vastas paredes de galáxias. Separando essas estruturas estão os chamados vazios cósmicos, regiões imensas com pouquíssima matéria, mas que desempenham um papel silencioso e crucial na evolução do cosmos.
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Esses vazios são grandes bolhas de espaço com densidade inferior à média do universo, surgindo naturalmente conforme a matéria se concentra nas regiões mais densas, deixando para trás áreas onde quase nada se forma.
Os vazios cósmicos contêm informações valiosas sobre o papel da matéria escura no universo, além de dados importantes sobre a distribuição da matéria visível e a própria natureza da gravidade.
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Desertos do universo
Os vazios cósmicos são considerados verdadeiros “desertos” espaciais, podendo alcançar dezenas ou até centenas de milhões de anos-luz de diâmetro. Mas, apesar do nome, essas regiões que separam filamentos e aglomerados da teia cósmica não são completamente ocas.
Observações detalhadas do cosmos já identificaram a presença de galáxias anãs tênues, filamentos sutis e tentáculos de matéria escura em seu interior. Esses elementos são vestígios da teia cósmica que se repetem em escala reduzida dentro dos vazios.

Matéria quase ausente
As regiões mais profundas desses vazios estão entre os locais mais rarefeitos de todo o universo observável. Nesses pontos extremos, nem mesmo a matéria escura aparece em densidade significativa.
Para se ter uma ideia, enquanto a densidade média do cosmos é de cerca de um átomo de hidrogênio por metro cúbico, nos vazios essa densidade pode ser mais de 100 vezes menor. É possível atravessar centenas de metros no espaço mais profundo de um vazio e encontrar apenas um único átomo.
Mesmo assim, essas regiões não estão completamente desprovidas de conteúdo. Elas são preenchidas pela radiação cósmica de fundo em micro-ondas, um tipo de energia remanescente dos primeiros 380 mil anos após o Big Bang. Essa radiação permeia todo o universo, inclusive os vazios mais remotos, embora seja extremamente tênue e tenha pouca energia atualmente.
Domínio da energia escura
A energia escura representa cerca de 70% da densidade energética total do universo. Nas regiões densas — como galáxias e aglomerados — sua influência passa quase despercebida. No entanto, nos vazios cósmicos, onde há pouquíssima matéria, essa energia se torna dominante.
É nesse cenário que os vazios cósmicos revelam sua importância para o entendimento do cosmos. Neles, a energia escura atua de forma mais evidente, acelerando a expansão do universo e moldando sua evolução em escalas grandiosas.
Por isso, os vazios cósmicos funcionam como laboratórios naturais, onde astrônomos podem observar os efeitos da energia escura com mais clareza, investigar como a matéria invisível está distribuída e, quem sabe, compreender melhor o destino do universo.
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