O que são vazios cósmicos? E por que são parte fundamental da estrutura cósmica

Estudos astronômicos ao longo das décadas indicam que as galáxias se organizam em uma teia cósmica — uma estrutura composta por filamentos, aglomerados e vastas paredes de galáxias. Separando essas estruturas estão os chamados vazios cósmicos, regiões imensas com pouquíssima matéria, mas que desempenham um papel silencioso e crucial na evolução do cosmos.

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  • Teia cósmica aparece em imagens diretas pela primeira vez
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Esses vazios são grandes bolhas de espaço com densidade inferior à média do universo, surgindo naturalmente conforme a matéria se concentra nas regiões mais densas, deixando para trás áreas onde quase nada se forma.

Os vazios cósmicos contêm informações valiosas sobre o papel da matéria escura no universo, além de dados importantes sobre a distribuição da matéria visível e a própria natureza da gravidade.


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Desertos do universo

Os vazios cósmicos são considerados verdadeiros “desertos” espaciais, podendo alcançar dezenas ou até centenas de milhões de anos-luz de diâmetro. Mas, apesar do nome, essas regiões que separam filamentos e aglomerados da teia cósmica não são completamente ocas.

Observações detalhadas do cosmos já identificaram a presença de galáxias anãs tênues, filamentos sutis e tentáculos de matéria escura em seu interior. Esses elementos são vestígios da teia cósmica que se repetem em escala reduzida dentro dos vazios.

Teia cósmica e vazios cósmicos
Vazios cósmicos são considerados “desertos” espaciais, mas não são completamente ocos (Wikimedia Cummons/Andrew Pontzen)

Matéria quase ausente

As regiões mais profundas desses vazios estão entre os locais mais rarefeitos de todo o universo observável. Nesses pontos extremos, nem mesmo a matéria escura aparece em densidade significativa.

Para se ter uma ideia, enquanto a densidade média do cosmos é de cerca de um átomo de hidrogênio por metro cúbico, nos vazios essa densidade pode ser mais de 100 vezes menor. É possível atravessar centenas de metros no espaço mais profundo de um vazio e encontrar apenas um único átomo.

Mesmo assim, essas regiões não estão completamente desprovidas de conteúdo. Elas são preenchidas pela radiação cósmica de fundo em micro-ondas, um tipo de energia remanescente dos primeiros 380 mil anos após o Big Bang. Essa radiação permeia todo o universo, inclusive os vazios mais remotos, embora seja extremamente tênue e tenha pouca energia atualmente.

Domínio da energia escura

A energia escura representa cerca de 70% da densidade energética total do universo. Nas regiões densas — como galáxias e aglomerados — sua influência passa quase despercebida. No entanto, nos vazios cósmicos, onde há pouquíssima matéria, essa energia se torna dominante.

É nesse cenário que os vazios cósmicos revelam sua importância para o entendimento do cosmos. Neles, a energia escura atua de forma mais evidente, acelerando a expansão do universo e moldando sua evolução em escalas grandiosas.

Por isso, os vazios cósmicos funcionam como laboratórios naturais, onde astrônomos podem observar os efeitos da energia escura com mais clareza, investigar como a matéria invisível está distribuída e, quem sabe, compreender melhor o destino do universo.

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