Nova espécie de morcego minúsculo pesa 8 g e mede 5 cm

Pesquisadores do Brasil e do México descobriram uma das menores espécies de morcegos frugívoros do mundo. Com pelagem amarela, o “minimorcego” Vampyressa villai pesa aproximadamente 8 g, mede 5 cm e se alimenta de frutas. Durante o dia, ele se esconde entre as folhas das plantas.

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Em seu habitat natural, a espécie do tamanho de um beija-flor é encontrada em uma área restrita no sudoeste do México. A região se tornou, nos últimos anos, destino turístico, como é o caso da cidade de Acapulco.

Descoberta da nova espécie

Publicado na revista Journal of Mammalogy, o estudo foi desenvolvido por pesquisadores das universidades federais de Viçosa (UFV) e da Paraíba (UFPB) e da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam). Durante o processo de validação da nova espécie, a equipe visitou mais de 15 museus ao redor do mundo.


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Isso porque a espécie Vampyressa villai já tinha sido identificada pela ciência, mas a identificação estava incorreta. Os pequenos morcegos foram classificados como sendo da espécie Vampyressa thyone, descoberta em 1909.

Pequena espécie de morcego é descoberta nas Américas (Imagem: Garbino et al., 2024/Journal of Mammalogy)

Para confirmar que se tratava de uma nova espécie, a equipe investigou dados de DNA e realizou análises de características do crânio e da pelagem de 261 morcegos adultos do gênero Vampyressa.

Está em risco de extinção?

“Não sabemos ainda [se a espécie está em risco de extinção]”, afirma Guilherme Garbino, professor da UFV e um dos autores do estudo, para o Canaltech. Para entender esse risco, os dados sobre a espécie devem ser avaliados por um comitê.

Por outro lado, “a distribuição restrita [no México] e poucos registros sugerem uma raridade, mas é difícil afirmar no momento”, acrescenta o professor.

Hábito alimentar dos morcegos

No caso da nova espécie Vampyressa villai, ela tem o hábito de se alimentar de frutas, o que contradiz o senso comum de que morcegos se alimentam de sangue ou de insetos. 

Ser frugívoro é um comportamento compartilhado por outras 100 espécies de morcegos da América do Sul e cerca de 170 na África, Ásia e Oceania, incluindo as raposas-voadoras. No entanto, eles são minoria entre as mais de 1,2 mil espécies conhecidas. 

“É incomum essa dieta em morcegos, porque frutos são alimentos com pouco valor nutricional — em geral, têm muitos açúcares e pouca proteína e lipídeos”, explica Garbino. Além disso, as frutas são mais pesadas e levam mais tempo para serem digeridas, o que pode dificultar o voo. Já um inseto, o alimento padrão para a maioria dos morcegos, é rico em proteínas e lipídios.

“A teoria é que a frugivoria tenha surgido nos morcegos, porque esse seria um nicho vago. Nenhum outro vertebrado voador estaria comendo frutas de noite — as aves frugívoras são, em maioria, diurnas. Então, seria uma oportunidade evolutiva”, pontua.

O curioso nessa história é que os morcegos frugívoros costumam ser os maiores morcegos do mundo, como as raposas-voadoras. “Isso é provavelmente devido ao fato dos frutos serem pesados e ser necessária uma massa muscular maior para carregá-los e também processá-los”, sugere o cientista.

Se ficou curioso, confira como é uma raposa-voadora:

 

No lado oposto, a maioria dos morcegos pequenos, animais de até 2 g, são insetívoros. A espécie recém-descrita subverte a regra, já que é raro existir frugívoros tão leves. “Seria até interessante ver quais frutas eles estão comendo”, comenta o especialista.

Morcegos próximos no Brasil 

Embora a nova espécie de morcego viva no México, ela é próxima de outras espécies encontradas no Brasil, como a Vampyressa pusilla e a Vampyressa thyone, e em outros países da América do Sul, incluindo a Bolívia e a Argentina. 

No total, o gênero Vampyressa conta com seis espécies já descritas pela ciência, mas este número ainda pode aumentar nos próximos anos.

Afinal, os próximos passos da equipe de biólogos envolvem checar se outras espécies de morcegos podem ser descobertas dentro daquelas já descritas. Também há planos de analisar a presença do gênero Vampyressa no Brasil, o que pode render a descoberta de novas espécies.

Leia a matéria no Canaltech.

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