Formas de vida poderiam viajar de carona em poeira cósmica

Será que a vida surgiu de forma independente ou poderia se espalhar de um planeta para outro? Segundo um novo estudo do físico Z.N. Osmanov, os dois cenários podem estar corretos. Ele analisou a possibilidade de que partículas de poeira sejam as responsáveis por espalhar vida pela Via Láctea e calculou o tempo que levaria para isso acontecer. Os resultados sugerem que não seria tão difícil que algo do tipo acontecesse.

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Existem várias teorias que tentam explicar a origem da vida, e uma delas é a panspermia. De forma resumida, ela propõe que a vida poderia ser levada à Terra (ou a qualquer outro mundo), e uma das formas disso acontecer seria  pegando “carona” em meteoritos, cometas ou asteroides. Vários astrônomos já calcularam o tempo que levaria para pequenos organismos saírem de um planeta em partículas de poeira — de Marte para a Terra, por exemplo, seriam necessários apenas 20 dias. 

Já Osmanov tentou calcular a dispersão destas formas de vida pela galáxia considerando que sobrevivam à viagem, e descobriu que o processo seria bastante viável, apesar das distâncias. “Consideramos as dinâmicas das partículas de poeira planetária ‘impulsionadas’ por planetas, e mostramos que, em 5 bilhões de anos, grãos de poeira podem viajar pelo meio interestelar a distâncias de algumas centenas de anos-luz”, concluiu. 


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Nuvem molecular do Touro, lar de moléculas quimicamente complexas (Imagem: Reprodução/Adam Block/Observatório Steward/Universidade do Arizona)

Ao considerar a densidade da distribuição estelar, o autor aponta que as partículas de poeira liberadas por um único planeta poderiam chegar a até 10⁵ sistemas estelares. Entretanto, ele observa também que as grandes nuvens moleculares (as mais densas nuvens no meio interestelar) poderiam reter estes grãos conforme viajam pela galáxia. 

Além disso, o autor relembra também o Paradoxo de Fermi, nome dado ao conflito entre a falta de evidências de vida alienígena e as chances (aparentemente) altas de que extraterrestres deveriam existir. “Analisando o problema no contexto da equação de Drake, descobriu-se que o número mínimo de planetas na Via Láctea que desenvolveram vida deve ser da ordem de 3 × 10⁷, o que implica que toda a galáxia estará cheia de partículas de poeira com moléculas complexas”, observou. 

Não podemos negar que os resultados e colocações do autor são interessantes. No entanto, vale ter cautela: ainda não se sabe a origem da vida na Terra e menos ainda a frequência com o que é formada. Além disso, mesmo que existissem vários planetas com formas de vida primitivas, é provável que muitos deles sejam mais massivos que a Terra. Neste caso, será que as partículas de poeira conseguiriam escapar da gravidade destes mundos? 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório arXiv, sem revisão de pares.

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