Talvez o Sol já esteja em atividade máxima. O que isso significa?

Embora estivesse previsto inicialmente para 2025, o máximo solar do ciclo atual já pode ter começado. Durante essa fase, o Sol deve experimentar as erupções mais intensas e as maiores ejeções de massa coronal dentro do período de 2019 a 2030, aproximadamente.

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O que é ciclo solar e máximo solar?

A cada 11 anos, nossa estrela passa por três fases relacionadas à sua atividade: mínimo solar, máximo solar e declínio, rumo ao mínimo solar do ciclo seguinte. Atualmente, estamos no ciclo 25 na contagem oficial, que tem início a partir de 1755.

Durante o período que precede o máximo solar, é possível observar o aumento de manchas solares. Elas são pontos escuros na superfície do Sol que podem ser identificados com telescópios pequenos e até mesmo binóculos (sempre com filtros solares adequados para proteção dos olhos).


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As contas de manchas solares dos últimos ciclos magnéticos, começando a partir da década de 1950/1960 até setembro de 2020, sugerindo que o ciclo atual seria mais brando (Imagem: Reprodução/SILSO/Observatório da Bélgica

Essas manchas são fruto de campos magnéticos em nossa estrela que se tornam complexos à medida que nos aproximamos do período de máximo solar. Às vezes, o fenômeno resulta em erupções de plasma a partir das manchas rumo ao espaço interplanetário.

Previsões do máximo solar 

No início do ciclo atual, o relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) previu que o máximo solar começaria em 2025, mas as mudanças observadas no Sol ao longo dos últimos anos mostraram que nossa estrela se antecipou.

Agora, um estudo propõe que, talvez, o máximo solar já tenha começado. No início do ciclo 25, pesquisadores descobriram uma anomalia magnética chamada “eventos do terminador solar”, que não foi considerada nas previsões iniciais, e isso pode fazer toda a diferença.

Segundo os autores, este fenômeno precedeu a maioria dos máximos solares anteriores, por isso ele pode ser usado como marcador para prever o próximo máximo com maior precisão. Se isso for verdade, o Sol já está prestes a entrar neste período — se é que ainda não entrou —, disseram os pesquisadores em um estudo de 2023.

Gráfico do NOAA comparando previsões de 2019 com as observações até o momento; também apresenta uma previsão atualizada para o restante do ciclo (Imagem: Reprodução/NOAA)

Considerando que a NOAA já publicou um novo relatório prevendo o início do máximo já em 2024, coincidindo com as previsões baseadas no terminador solar, a descoberta do terminador pode realmente ser uma ferramenta útil para as previsões durante os próximos ciclos.

Já estamos no máximo solar?

Em 2023, a atividade solar surpreendeu os pesquisadores com picos em dezembro, mas seguido por uma calmaria em janeiro. Agora, a atividade observada em fevereiro sugere que o máximo solar pode ter começado.

O problema é que ainda é muito cedo para termos certeza, e provavelmente ficaremos na dúvida por algum tempo. O Centro de Previsão do Clima Espacial (SWPC), administrado pelo NOOA, normalmente anuncia oficialmente quando o máximo solar teve início apenas após sete meses de declínio nas manchas solares.

Para o físico Scott McIntosh, um dos autores da descoberta do terminador solar, “definitivamente entrando nessa fase de atividade [máxima]”. Embora a confirmação oficial possa demorar, McIntosh propõe um monitoramento por meio dos campos magnéticos da estrela.

A mancha solar AR3590 é a atual recordista em tamanho no ciclo 25, além de ter causado a maior explosão solar desde 2017 (Imagem: Daniele Cavalcante)

O cientista explicou que, antes do máximo solar, a intensidade do campo magnético nos pólos do Sol diminui, atingindo zero durante a inversão polar. Nos últimos meses, essa intensidade realmente oscilou em torno de zero, em especial durante a calmaria em janeiro.

Em fevereiro, observamos eventos de classe X (a mais forte da classificação), incluindo a erupção solar mais poderosa desde 2017, mostrando que a estrela pode ter iniciado sua fase de pico.

O máximo solar é perigoso?

Além de começar antes do previsto, provavelmente será mais poderoso do que se esperava anteriormente. Isso significa que tempestades solares mais intensas podem impactar a infraestrutura terrestre e os satélites em órbita.

Em casos extremos, como aquele ocorrido durante o Evento de Carrington de 1859, as infraestruturas de fornecimento de energia elétrica. Os animais migratórios, como baleias, também podem ser afetados pelas tempestades geomagnéticas, aumentando o risco de encalhes.

Comparação entre a mancha solar AR3590 e a mancha do evento de Carrington, desenhada em 1859 por Richard Carrington (Imagem: Reprodução/NASA/SDO/HMI)

Contudo, as estimativas indicam que este máximo solar será mais fraco do que esses eventos históricos, de modo que ainda não há motivos para nos preocuparmos. Os cientistas estão alertas para detectar atividades fora do normal e alertar as autoridades em caso de eventos perigosos; então, medidas de mitigação podem ser tomadas.

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