Pesquisa Itaú/Datafolha: 97% dos pais consideram importante que filhos realizem atividades de cultura

 

A quarta edição da pesquisa Hábitos Culturais, realizada pela Fundação Itaú, em conjunto com o Datafolha, revela que as famílias brasileiras acham importante que os filhos realizem atividades culturais, e atribuem a este tipo de experiência impactos positivos no desempenho escolar e nas relações sociais.

De acordo com o levantamento, dos entrevistados que têm filhos (67% da amostra de 2.405 indivíduos ouvidos pelo Datafolha), 97% disseram ser importante que crianças e adolescentes participem de atividades culturais para o seu desenvolvimento. Apenas 3% da amostra diz que não vê importância em atividades do gênero nesta fase da vida. O índice é maior nas classes AB (99%) e C (98%) e menor na classe DE (94%).

Segundo a pesquisa, 95% dos pais avaliam  que atividades culturais melhoram o desempenho escolar dos filhos (71% concordam plenamente e 23% concordam em parte). O impacto positivo é melhor percebido nas classes AB (97%) e C (96%). Na DE, o índice é de 91%. “A pesquisa deixa evidente que a cultura tem papel importante na educação e favorece o desenvolvimento integral. Isso pode estar associado a melhores experiências de aprendizado e melhora do clima escolar, por exemplo, além de fazer com que as crianças se sintam mais engajadas com a escola”, diz Anna Paula Montini, gerente do Observatório da Fundação Itaú.

A pesquisa avaliou também o impacto da cultura na sociabilidade: 94% dos pais entrevistados apontam que a exposição a atividades culturais influencia positivamente o relacionamento em casa (70% concordam totalmente e 24% concordam parcialmente). O índice é maior em cidades do interior (96%) do que em regiões metropolitanas (90%). Neste quesito, o impacto positivo é percebido de maneira semelhante, com variações dentro da margem de erro, por todas as classes sociais analisadas: AB (95%), C (93%) e DE (96%).

O relacionamento com outras pessoas também é impactado pela prática de atividades culturais, segundo avaliação dos pais entrevistados pelo Datafolha, pois 93% (69% concordam totalmente e 23% parcialmente) dizem que atividades culturais influenciam positivamente o relacionamento das crianças e adolescentes com outras pessoas.

A pesquisa Hábitos Culturais, da Fundação Itaú em parceria com o Datafolha, ouviu 2.405 pessoas de 16 a 65 anos em todas as regiões do país, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas, entre os dias 1º e 28 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O índice de confiança da pesquisa é de 95%. Cada ponto percentual representa 1,4 milhão de indivíduos.

Do total da amostra, 67% é formada por indivíduos que têm filhos. A média é de 2,4 filhos por entrevistado: 46% dos entrevistados têm filhos até 18 anos, 50% da amostra tem filhos com mais de 19 anos e 45 não souberam informar.

Atividades culturais influenciam criatividade, pensamento crítico e autoconhecimento dos filhos, apontam pais

A pesquisa sobre Hábitos Culturais, realizada pela Fundação Itaú em parceria com o Datafolha, mostra que os pais identificam positivamente a influência das atividades culturais nas competências e habilidades socioemocionais das crianças e adolescentes.

Para 54% dos entrevistados, entre os que têm filhos, realizar atividades culturais influencia a criatividade das crianças e adolescentes (a porcentagem sobe para 58%, quando a pergunta é para entrevistados sem filhos, e para 55% no total geral). A percepção sobre este atributo é maior entre os entrevistados de 16 a 24 anos (67%) e menor entre os pais de 45 a 65 anos (43%).

A correlação também é melhor percebida entre os indivíduos com Ensino Superior (69%) do que entre os que têm apenas o Ensino Fundamental (45%). No recorte por renda, a influência da cultura na criatividade é mais percebida pelos indivíduos da classe AB (63%) do que na DE (42%).

Segundo a pesquisa, para 38% dos pais entrevistados (40% entre os que têm e não tem filhos) pelo Datafolha, atividades culturais contribuem também para o autoconhecimento e 37% (36% no total geral) dizem impactar a empatia.

O Datafolha verificou ainda que 37% do pais (36% no total geral) atribuem influência das atividades culturais na construção do senso de cidadania. Neste caso, a correlação é percebida com maior intensidade pelos indivíduos entre 35 e 44 anos (43%), da classe C (39%), com Ensino Médio (39%). Entre os respondentes mais jovens, de 16 a 24 anos, a percepção é menor (37%), índice próximo ao das outras faixas etárias consultadas. Classes C (39%) e DE (35%) observam a conexão com mais intensidade que a AB (31%).

Segundo a pesquisa, 35% dos pais dizem que a exposição dos filhos à cultura contribui ainda para o engajamento e o pensamento crítico (entre os que não têm filhos, a porcentagem chega a 37% e a 30% no total). Aqui, 42% dos indivíduos da classe AB observam o benefício, mesmo índice verificado entre os que têm Ensino Superior. Na classe DE, o índice cai para 26% e para 20% entre os que têm apenas o Ensino Fundamental.

“A pesquisa mostra com clareza que para as famílias a cultura exerce papel importante na formação de competências que são essenciais para os jovens no mundo contemporâneo”, diz Anna Paula Montini, gerente do Observatório da Fundação Itaú. “A opinião dos pais é um bom orientador para estimular políticas públicas que fortaleçam a cultura como elemento transversal na educação”, avalia.

Fundação Itaú e Datafolha apontam ainda que 21% (mesma porcentagem entre os que têm e não têm filhos) dizem que atividades culturais influenciam na capacidade de comunicação e na assertividade das crianças e jovens e 19% (idem) observam benefícios para a autonomia dos filhos, enquanto a flexibilidade é apontada por 11% do total geral dos ouvidos pela pesquisa.

Os pais apontam adicionalmente outros benefícios da cultura para a formação dos filhos, entre eles a capacidade de estabelecer redes de contato (8%) e a melhora do letramento digital e tecnológico (5%).

Apenas 6% da amostra não aponta nenhuma influência das atividades culturais nas habilidades e competências dos filhos.

Redes sociais são principal fonte de consulta sobre atividades culturais e professores são mais considerados que influencers, aponta pesquisa

As redes sociais são a principal fonte de consulta sobre atividades culturais para os brasileiros, aponta pesquisa realizada pela Fundação Itaú, em parceria com o Datafolha, e 60% dos entrevistados dizem que se informam sobre o assunto nestes canais.

De acordo com o levantamento, a indicação de amigos e parentes aparece na segunda colocação, com 34% das menções, seguida por propaganda (32%), sites de busca (22%) e sites de veículos de comunicação, também com 22% das respostas.

A pesquisa apontou ainda que professores e instituições de ensino são mais mencionados do que influenciadores digitais e críticas especializadas na recomendação de atividades culturais.

Dos entrevistados, 13% disseram que se informam por professores, enquanto 12% se guiam por recomendação da escola ou universidade. Influenciadores são considerados por 10% da amostra.

A influência dos professores é mais forte na faixa dos 16 aos 24 anos, segmento em que 16% dizem seguir recomendações destas fontes. Indicação da escola também é mais relevante nesta faixa etária, de acordo com 15% dos entrevistados. Embora com menor participação no cômputo geral, os influencers são fonte para 17% dos respondentes de 16 a 24 anos.

Já a opinião da crítica é levada em conta por 7% dos respondentes, com relevância maior na faixa dos 35 a 44 anos, estrato em que 9% se guiam por recomendações de especialistas.

Além da influência do professor nos temas de cultura, a pesquisa Fundação Itaú/Datafolha constata que a escola é um importante polo de realização de atividades culturais. Quando perguntados de onde vem a influência ou estímulo para fazer atividades culturais, 29% apontam os amigos e 27% (um terço dos entrevistados) afirmam que são os professores e a escola.

Ainda, 41% dos entrevistados declaram que realizam atividades culturais em estabelecimentos de ensino, à frente de clubes (34%), teatros (24%), bibliotecas (20%), e museus (19%).

“A pesquisa ressalta em vários aspectos a relação direta entre cultura e educação, e este apontamento da escola como um dos principais locais para a participação em atividades culturais é de suma importância para entender como podemos melhorar a qualidade da educação brasileira”, diz Anna Paula Montini, gerente do Observatório da Fundação Itaú. “A escola deve servir como lugar de inspiração para crianças e jovens, tendo papel ativo no desenvolvimento integral destes alunos e usufruindo dos benefícios da arte e da cultura para a promoção de habilidades socioemocionais”, conclui.

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