Pegar covid e dengue ao mesmo tempo pode ser fatal

Você já imaginou ou conhece alguém que já teve uma dupla infecção? No cenário atual aqui no Brasil, onde condições propensas à propagação dos vírus da dengue e da covid-19, é possível que isso aconteça. Na realidade, as coinfecções podem ser mais graves do que contrair um único agente infeccioso, e o desfecho está ligado com o histórico do paciente.

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“A coinfecção por covid-19 e dengue pode aumentar o risco de complicações e até de morte, mais do que apenas ser infectado por um destes vírus apenas”, explica Christianne Takeda, médica infectologista da Hapvida NotreDame Intermédica, para o Canaltech.

Afinal, “esses dois vírus são tidos como causas autossuficientes de doenças graves”, comenta a especialista. Se estão juntos em um mesmo organismo, é possível que os sintomas e os desdobramentos da infecção piorem.


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Em caso de infecção simultânea por covid e dengue, o risco de complicações é maior para dois grupos: os idosos e os indivíduos com problemas crônicos de saúde (comorbidades). Em pacientes imunocomprometidos, o desfecho pode ser mais letal do que se contraíssem uma só doença.

Probabilidade de coinfecção

“Em locais como o Brasil, onde há circulação da dengue e da covid-19, ser infectado com os dois vírus ao mesmo tempo é uma possibilidade significativa”, afirma a infectologista.

Para os brasileiros, esse risco de coinfecção aumenta na estação das chuvas, período que vai, em média, até o final de abril. Isso porque o maior volume de precipitações favorece a reprodução do mosquito Aedes aegypti, responsável por transmitir a dengue. No caso da covid-19, não há um período tão bem estabelecido de pico.

Covid e dengue simultaneamente

Publicado na revista científica American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Icesi, na Colômbia, investigou os efeitos da infecção simultânea de covid e dengue em um pequeno grupo de pacientes.

Risco de pegar covid e dengue aumenta na estação das chuvas no Brasil (Imagem: National Institute of Allergy/Unsplash)

Após analisar os desfechos clínicos, a equipe descobriu que “a proporção de pacientes classificados com covid-19 moderada a grave foi maior no grupo de coinfecção”. Além disso, a presença dos dois vírus aumentou a probabilidade de hospitalização, internação na UTI e morte, em comparação com quem teve apenas covid.

Sintomas da dengue e covid juntas

Em outro estudo, pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) investigaram quais sintomas eram mais recorrentes em pacientes que pegaram a covid-19 e a dengue. Os achados foram publicados na Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro (Recom).

A seguir, confira os principais sintomas da coinfecção:

  • Febre;
  • Cefaleia (dor de cabeça);
  • Dispneia (dificuldade de respiração);
  • Tosse;
  • Erupções cutâneas vermelhas;
  • Mialgia (dor muscular);
  • Dor no fundo dos olhos;
  • Dor de garganta;
  • Náuseas;
  • Artralgia (dor nas articulações);
  • Anosmia (perda do olfato).

“As características clínicas e epidemiológicas das duas doenças podem dificultar o diagnóstico e atrasar o tratamento de ambas as patologias, sendo necessária rápida identificação e diferenciação para o atendimento clínico”, orientam os pesquisadores da Urca, em artigo. Para isso, são necessários exames laboratoriais.

Prevenção contra dengue e covid

Para evitar o risco de coinfecção, é possível adotar diferentes medidas de prevenção, de acordo com o patógeno. 

Pensando na dengue, o recomendado é evitar criadouros do mosquito, usar telas em janelas e passar repelente contra insetos em situações de risco. Em relação à covid-19, a prevenção envolve o uso de máscaras faciais no transporte público ou em aglomerações, por exemplo.

Vacinas são importantes

Outra importante ferramenta de prevenção são as vacinas, já disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, todos os brasileiros com mais de 6 meses estão aptos a se imunizarem contra a covid-19, com um esquema vacinal de 3 doses. 

Vacina reduz a probabilidade da pessoa pegar covid e dengue, diminuindo o risco de hospitalização (Imagem: Pressmaster/Envato)

Mais recentemente, o Ministério da Saúde passou a oferecer a vacina contra a dengue, mas o público ainda é bastante restrito. Por enquanto, as doses só estão disponíveis para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em cidades específicas. A expectativa é que isso mude nos próximos anos.

Atendimento médico

Em caso de suspeita de coinfecção ou infecções simples de covid e dengue, Takeda explica que é importante procurar orientação médica. “O diagnóstico e tratamento precoces podem proporcionar melhores resultados para a saúde do indivíduo infectado”, completa.

Leia a matéria no Canaltech.

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