Queimadas: fogo cresce mais em florestas do que em outras vegetações

O fogo que neste ano consome árvores, savanas e áreas de pastagem apresenta uma diferença em relação ao de anos anteriores. Ele está mais focado em florestas. A constatação foi apresentada nesta quinta-feira (19/9) pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), na terça-feira (17/9).

Na terça, o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, afirmou que o porcentual de queimadas em áreas florestadas na Amazônia passou de 12% para 34% na comparação entre os anos 2012 e 2024. Ou seja, a proporção cresceu quase três vezes. Nem sempre os focos de calor ocorrem em áreas de florestas, pois o fogo é usado para limpeza de áreas e renovação de pastagem, por exemplo.

No Cerrado, o comportamento do fogo também mudou. O Ipam comparou dados de queimadas no bioma em agosto deste ano e de agosto do ano passado. Em todos os tipos de cobertura houve crescimento.

Em savanas, o acréscimo foi de 221%. Já nas áreas de agropecuária, a alta foi de 219%. Por outro lado, nas formações florestais de Cerrado, o crescimento foi bem maior, equivalente a 410%. Em se tratando de Cerrado, as savanas são compostas por árvores, arbustos e gramíneas. Já nas formações florestais há um protagonismo mais de árvores de maior porte.

“O aumento do fogo nas formações florestais é algo novo e que pode estar relacionado à intensificação das mudanças climáticas e ao desmatamento, que fragilizam estas áreas e aumentam sua vulnerabilidade ao fogo”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.

Em relação à Amazônia, Capobianco afirmou, na reunião sobre as queimadas conduzida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que a floresta é úmida, ou seja, apresenta menor susceptibilidade às chamas. “A floresta tropical é úmida, ou seja, ela é resistente ao fogo”, resumiu o secretário do MMA.

Onde queima

O Ipam analisou as áreas queimadas no Cerrado e chegou à constatação de que os municípios que mais têm sofrido com as chamas são aqueles pertencentes à fronteira agrícola com a Amazônia e os da porção nacional do Matopiba, formado pelos estados Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia.

Veja lista:

Imagem colorida de mapa com cidades que mais queimaram em agosto

O Brasil contabilizou de 1º de janeiro deste ano até a última terça 188.623 queimadas, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O bioma com mais registros do tipo é a Amazônia, onde já são 94.601 focos de calor desde o início do ano. O número é 96% maior do que os 48.105 registrados no mesmo período de 2023. Em área, a Amazônia é o maior bioma brasileiro.

Proporcionalmente, o Pantanal é o bioma com maior aumento nas queimadas, acréscimo de 1.853% no ano. Em 2023, foram 549 registros de fogo, e neste ano já são 10.724. O Cerrado e a Mata Atlântica acumulam, respectivamente, 61.329 e 16.606 focos de calor. O restante dos focos de calor está na Caatinga (5.014) e no Pampa (349).

Providências

Na terça, o governo federal anunciou que fará a publicação de uma medida provisória (MP) para a liberação de R$ 514 milhões em crédito extraordinário. O dinheiro deve ser usado no reforço das ações de combate ao fogo em várias regiões do país.

Parte da verba será destinada às Forças Armadas para a compra de equipamentos de proteção individual (EPI), uso de aeronaves e transporte de brigadistas, entre outros. Os valores financeiros também servirão para a contratação de 180 pessoas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

O recurso foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. Ele é relator de ações que tratam do aumento severo das queimadas no país neste ano.

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