G20 sinaliza criação de Estado Palestino, mas Israel é obstáculo

Após reunião no Rio de Janeiro, os ministros das relações exteriores do G20 sinalizaram apoio à criação de um Estado Palestino. Embora os países apostem em uma solução de dois Estados para colocar fim ao conflito que ocorre no Oriente Médio, o governo de Israel tem reforçado a posição contrária à medida.

O ministro das relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou à imprensa que houve “virtual unanimidade no apoio à solução de dois Estados como sendo a única solução possível para o conflito entre Israel e Palestina”. A declaração foi dada após conclusão de reunião entre os chanceleres, nessa quinta-feira (22/2).

“Foi conferido especial destaque ao deslocamento forçado de mais de 1 milhão e 100 mil palestinos para o sul da Faixa de Gaza. Nesse contexto, houve diversos pedidos em favor da liberação imediata do acesso para ajuda humanitária na Palestina, bem como apelos pela cessação das hostilidades. Muitos se posicionaram contrariamente à anunciada operação de Israel em Rafah, pedindo que o governo de Israel reconsidere e suspenda imediatamente essa decisão”, informou o chanceler brasileiro.

A proposta para que os dois países coexistam em paz e segurança foi prevista pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1947. A solução, em que o então território da Palestina seria dividido entre um Estado judeu e um árabe, enfrentou resistência de ambos os lados no decorrer das décadas.

A guerra atual, deflagrada após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, abriu um novo capítulo no conflito e na busca por uma solução à disputa territorial.

Ainda que forças políticas palestinas e de outros países árabes aceitem uma solução de dois Estados, há discordâncias com relação à disposição atual do território. Rejeita-se, por exemplo, a continuidade de assentamentos israelenses na Cisjordânia e defende-se a recomposição das fronteiras anteriores a 1967.

Do lado israelense, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tem buscado apoio para a rejeição de uma proposta de dois Estados. A postura teve um reforço a partir do parlamento decidir que o país não aceitará reconhecimento unilateral de um Estado Palestino, o que somente seria possível a partir de uma negociação entre ambos os lados.

Guerra

A atual ofensiva israelense teve início após o ataque-surpresa promovido pelo Hamas em 7 de outubro. Na ocasião, o grupo extremista matou 1,2 mil pessoas e levou cerca de 240 reféns. Desde então, o governo de Israel promove uma ofensiva, com bombardeios e incursões terrestres, e um cerco à região.

Conforme relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, sigla em inglês), a guerra resultou em cerca de 29,5 mil mortos na Palestina, além de mais de 69 mil feridos. As informações partem do Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Israel, embora enfrente pressões internacionais para frear o conflito, tem se comprometido na busca de três objetivos: libertar os reféns, destruir o Hamas e garantir que a Faixa de Gaza não represente mais uma ameaça à existência do Estado de Israel.

G20

O Grupo dos 20 é um dos principais fóruns de cooperação econômica internacional. É composto pela União Europeia e outras 19 nações, tidas como desenvolvidas e do novo Sul Global.

São elas: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.

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