São Paulo – Policiais militares foram alvo de um ataque a tiros na manhã de sábado (16/3) na praça Jerônimo de La Terza, no bairro Rádio Clube, em Santos. Segundo o relato dos agentes, dois homens passaram pelo local de moto por volta de 6h30 e efetuaram dois disparos contra a viatura. Ninguém se feriu.
Após atirar contra os PMs, a dupla teria fugido em direção à Avenida Brigadeiro Faria Lima. Os policiais não revidaram os disparos. Também não houve perseguição.
A Polícia Civil de Santos trabalha para identificar os suspeitos. O caso foi registrado como tentativa de homicídio na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos e encaminhado ao 5º Distrito Policial (DP).
O local em que houve o atentado é o mesmo em que dois ônibus municipais foram incendiados em 12 de março, após a morte de Cristiano Lopes da Costa, o Meia Folha, apontado como um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Guarujá.
Na ocasião, a circulação dos ônibus chegou a ser suspensa em diversos bairros da cidade.
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Racha no PCC
Autoridades da Polícia Civil acreditam que a morte de Meia Folha está relacionada a um racha na cúpula do PCC e que a Baixada Santista pode virar palco de uma guerra nos próximos meses.
A morte de Meia Folha é a segunda em menos de 20 dias atribuída ao racha na facção. No último dia 25, o traficante Donizete Apolinário da Silva, de 55 anos, foi executado a tiros em Mauá, na Grande São Paulo. O homem, de 55 anos, era apontado como aliado do líder supremo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e integrante da chamada “Sintonia Final”, alta cúpula da facção.
PCC: como foram os outros rachas na cúpula em 30 anos de facção
O principal motivo para o racha na facção seria o vazamento de um diálogo entre Marcola com policiais penais federais, na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). Na ocasião, o líder do PCC afirmou que o número 2 na hierarquia da facção, Roberto Soriano, o Tiriça, era um “psicopata”.
A declaração foi usada por promotores durante o julgamento de Roberto Soriano. O criminoso, que cumpre pena atualmente na Penitenciária Federal de Brasília, junto a Marcola e outros líderes do PCC, foi condenado a 31 anos e 6 meses de prisão, em 2023, por ser o mandante do assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo. A fala de Marcola teria sido interpretada por Tiriça como uma espécie de delação.
O então número 2 do PCC teria pedido, então, por meio do chamado “salve”, a morte e a expulsão de Marcola do PCC. Em fevereiro, contudo, a cúpula da facção emitiu comunicado que decretou a expulsão de Tiriça da organização criminosa, por “traição”.