A eleição já acabou. Lula venceu

E no futuro se dirá que a eleição presidencial de 2006 foi decidida antes mesmo de qualquer um dos candidatos realizar seu primeiro comício. Tudo bem: havia um candidato em campanha disfarçada há pelo menos seis meses. E ele desfrutava do privilégio de ser ao mesmo tempo candidato e presidente da República. Mas se isso representou alguma vantagem, nem de longe ela foi suficiente para lhe garantir a vitória de véspera.

A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se dever a uma rara conjugação de fatores. O mais relevante: a identificação do candidato com os dois terços mais pobres dos brasileiros. Contrariando a escrita, Lula foi um deles que conseguiu chegar lá. E que ao chegar apostou em programas sociais que ajudariam a empurrá-lo uma vez mais rampa acima do Palácio do Planalto.

Foi beneficiado por uma conjuntura econômica internacional favorável. E teve o bom senso de manter a política econômica herdada do governo anterior. O país cresceu a taxas razoáveis. E o dinheiro irrigou o bolso dos que sempre sobram quando chega a hora de repartir o bolo. Por que essa gente deixaria de mão quem foi capaz de melhorar sua vida? Por que revogaria o voto que deu há quatro anos?

Enquanto a antiga oposição (PT) aprendeu rapidinho a ser governo, o antigo governo (PSDB-PFL) foi reprovado quando tentou ser oposição. Imaginou que o escândalo do mensalão bastaria para tirar o fôlego de Lula. E ao descobrir que não tirou, temeu a fúria dos chamados movimentos sociais caso tentasse derrubá-lo via impeachment.

De resto, nem por encomenda de Lula seu principal adversário teria sido tão bem escolhido.  O PSDB entrou em campo com Geraldo Alckmin, candidato reserva do ex-prefeito José Serra. Lula agradeceu em silêncio. Alckmin de quê mesmo? Fora de São Paulo ele é um ilustre desconhecido. Eleitor não costuma dar bola para quem não conhece. Quando Alckmin (ou melhor: Geraldo) deixar de ser um desconhecido, a eleição já terá acabado.

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