Resta a impunidade (por Mirian Guaraciaba)

Falta combinar com o Supremo. O esperto Waldemar da Costa Neto vai tentar.

O presidente do PL pedirá a Arthur Lira, presidente da Câmara, que convença Alexandre de Moraes a reduzir as penas dos golpistas que aterrorizaram Brasília e o País no dia 8 de janeiro de 2023. O ex-deputado não tem dúvida de que Lira fará. O deputado anunciou ainda que vai trabalhar pelo perdão a Bolsonaro.

É de impunidade que estamos falando.

Waldemar da Costa Neto não conhece bem Xandão. Mas não nasceu ontem. Entende do assunto. Deputado federal por seis mandatos, foi condenado pelo mensalão e recebeu indulto do ministro do STF, Luis Roberto Barroso, em 2016. Em 2023, foi preso pela Policia Federal por tentativa de golpe de estado. Hoje, é um dos caciques da direita.

Waldemar espera Tarcisio de Freitas. O governador garantiu a ele que irá para o PL. Até agora, ficou na promessa. Se for, estará em casa. Tarcisio é comezinho na mentira. Em 2022, forjou uma tentativa de “homicídio”, vésperas de sua eleição como governador de São Paulo. Um morador de Paraisópolis foi morto enquanto o candidato fazia campanha na região. Sua assessoria garantiu que foi atentado. A policia desmentiu. Ficou o dito pelo não dito.

Nesse domingo, Tarcisio cometeu crime eleitoral gravíssimo, ao afirmar, ao lado de seu candidato, dentro do Palácio Bandeirantes, enquanto ainda corria a votação, que Boulos fora apoiado pelo PCC. Mentiu com desfaçatez característica da direita sem escrupulos. Não tem qualquer prova do que disse. Tarcisio não pode ficar impune. Nem Ricardo Nunes, que se beneficiou do ardil.

Impunidade é da nossa tradição. Desde os tempos do Brasil colonia. Nos idos de 1829, Dom Pedro I decretou: “crimes hediondos cometidos por senhores de escravo seriam indignos de clemência”. Durou pouco. Logo em seguida, voltou a ser admitido o “pedido de graça” ao imperador.

Vale até hoje. Breve pesquisa mostra milhares de casos.

Bolsonaro está inelegível até 2030. Essa é a pena a que ele foi submetido, até o momento. Há expectativa de que seja condenado e preso por crime contra a democracia e contra a humanidade (pandemia matou 700 mil brasileiros, não esqueçamos). Waldemar Costa Neto está empenhado no “pedido de graça” para Bolsonaro.

Nesse domingo, 28, o capitão, que saiu menor das eleições municipais, foi punido por sua turma. Perdeu nas urnas, especialmente em São Paulo, e Ricardo Nunes, vitorioso, lançou o forjador Tarcisio como novo “mito” da direita. À espera da Justiça dos tribunais, a Bolsonaro, por enquanto, resta bater palmas pra palhaço.

A lá Aras

Nos próximos dias, o Presidente da República nomeará o novo Procurador-Geral de Justiça do DF e Territórios. A chapa tá quente.

No modelo  Augusto Aras, de triste lembrança, o atual, Georges Seigneur, nomeado por Bolsonaro, com DNA bolsonarista, se faz de morto tentando passar goela abaixo do PT.

De outro lado, Antonio Suxberger, soma apoios de petistas e de palacianos, como o líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues.

Quando foi nomeado, Seigneur era o segundo na lista tríplice e foi o escolhido por Bolsonaro.

Agora é Lula quem decide: nos próximos dois anos, o topo da Justiça do DF fica com o novo ou vai de repeteco?

A posse está marcada para 12 de dezembro.

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