“Continuaremos nosso plano de guerra”, diz novo líder do Hezbollah

Em seu primeiro discurso, feito de um local desconhecido, o novo chefe do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o grupo continuará em guerra contra Israel.

“Continuaremos nosso plano de guerra dentro das estruturas políticas delineadas. Permaneceremos no caminho da guerra. Podemos continuar a lutar por dias, semanas e meses”, discursou Qassem. De acordo com ele, seu papel é dar continuidade “ao programa de trabalho” do antigo líder, Sayed Hassan Nasrallah, “em todos os níveis, político, social e cultural”.

Naim Qassem também ameaçou Israel: “Saia de nossas terras para diminuir suas perdas. Se você ficar, pagará”, disse. Entretanto, o novo líder comentou uma possível trégua entre os países, desde que haja uma proposta “adequada”.

“Se os israelenses decidirem que querem parar a guerra, dizemos que aceitamos. Mas com as condições que considerarmos adequadas. Até agora não há nenhuma proposta que Israel aceite para nos ser oferecida para discussão.”

Ainda de acordo com ele, o Hezbollah não luta pelo “nome de ninguém ou pelo projeto de ninguém. Lutamos pelo Líbano”, disse, em referência à aliança com o Irã.

Quem é o novo líder do Hezbollah?

Um mês após a morte de seu líder, Hassan Nasrallah, assassinado em 27 de setembro em um ataque aéreo israelense no Líbano, o Hezbollah escolheu um novo secretário-geral, o Sheikh Naim Qassem, secretário-geral adjunto do movimento islâmico radical xiita libanês desde 1991. Com grande experiência política, o ex-professor universitário é conhecido como o “historiador do Hezbollah”.

Os sobreviventes do mais alto órgão de governo do Hezbollah, o Conselho Shura, que tinha sete membros antes do início da guerra que começou em 23 de setembro, escolheram um novo secretário-geral, o Sheikh Naim Qassem. Aos 71 anos, o ex-professor de química da Universidade Libanesa nasceu na localidade de Kfarfila, no sul do Líbano. Ele faz parte do círculo próximo dos fundadores do Hezbollah em 1982.

Ele também pode se orgulhar de uma vasta experiência política construída durante os 33 anos que passou como vice-secretário-geral, ao lado de Hassan Nasrallah, que delegou a ele a gestão de numerosos dossiês de política interna e de certos aspectos das relações externas do partido.

No entanto, o perfil de Naim Qassem também tem desvantagens. Ele não está particularmente envolvido em assuntos militares, principalmente geridos pelo próprio Hassan Nasrallah e pelo seu sucessor, o ex-presidente do Conselho Executivo Hachem Safieddine, morto num ataque israelense em 4 de outubro.

Outra desvantagem de Qassem é que o novo líder do Hezbollah usa o turbante branco, e não o preto, como o de Hassan Nasrallah, reservado aos descendentes do profeta Maomé através da linhagem do seu primo e genro, Imam Ali. Aos olhos dos xiitas, ser um “sayyed” – descendente do profeta – inspira respeito e lealdade.

Ainda é cedo para ver se o novo líder vai conseguir compensar seu distanciamento do aparelho militar, que constitui a espinha dorsal do Hezbollah, com a sua legitimidade histórica e política.

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