Os Quatro da Candelária: o crime real por trás da nova série na Netflix

A nova série brasileira da Netflix, Os Quatro da Candelária, conta a história de quatro garotos em situação de rua que vivem no Rio de Janeiro e buscam sobreviver na dura realidade da cidade.

O programa, que estreia nesta quarta-feira (30) no streaming, acompanha as vidas de Sete (Patrick Congo), Pipoca (Wendy Queiroz), Jesus (Andrei Marques) e (Douglas Samuel Silva). No elenco, também há nomes famosos da teledramaturgia brasileira, como Antônio Pitanga, Péricles, Leandro Firmino, Bruno Gagliasso, Maria Bopp e Stepan Nercessian.

As crianças e suas histórias de vidas são ficcionais, mas são fortemente inspiradas na tragédia carioca de 1993. (Imagem: Divulgação/Netflix)
As crianças e suas histórias de vidas são ficcionais, mas são fortemente inspiradas na tragédia carioca de 1993. (Imagem: Divulgação/Netflix)

Os sonhos dos jovens, no entanto, são interrompidos de forma brutal por um dos crimes mais crueis já ocorridos no Brasil: a chacina da Candelária, um massacre promovido por policiais militares que vitimou oito pessoas.


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As crianças e suas histórias de vidas são ficcionais, mas são fortemente inspiradas na tragédia carioca de 1993. Ao todo, são quatro episódios — cada um focado em um jovem.

De acordo com os diretores Luis Lomenha e Marcia Faria, os sobreviventes da chacina foram entrevistados para conferir mais veracidade à narrativa. A série acompanha as últimas 36 horas de cada um deles, dando destaque aos seus sonhos e suas ambições.

Relembre o crime

A noite do dia 23 de julho de 1993 ficou marcada como um dos piores atentados aos direitos humanos que o Brasil já viu. Cerca de 40 jovens, entre 11 e 19 anos, dormiam na em frente à Igreja da Candelária, localizada no centro do Rio de Janeiro.

À época, aquele era um lugar comum onde moradores de rua se reuniam para passar a noite em segurança. Os jovens foram surpreendidos por alguns indivíduos que, saindo de veículos com placas cobertas, abriram fogo contra o grupo.

O programa, que estreia nesta quarta-feira (30) no streaming, acompanha as vidas de Sete (Patrick Congo), Pipoca (Wendy Queiroz), Jesus (Andrei Marques) e (Douglas Samuel Silva). (Imagem: Divulgação/Netflix)
O programa, que estreia nesta quarta-feira (30) no streaming, acompanha as vidas de Sete (Patrick Congo), Pipoca (Wendy Queiroz), Jesus (Andrei Marques) e (Douglas Samuel Silva). (Imagem: Divulgação/Netflix)

Ao todo, foram oito vítimas e dezenas de feridos. Paulo Roberto de Oliveira, de 11 anos, Anderson de Oliveira Pereira, de 13, Marcelo Cândido de Jesus, de 14, Valdevino Miguel de Almeida, de 14, “Gambazinho”, de 17, Leandro Santos da Conceição, de 17, Paulo José da Silva, de 18, e Marcos Antônio Alves da Silva, de 19, morreram.

O assassinato brutal das vítimas indefesas chocou não só o Brasil, como todo o mundo. O ocorrido se tornou pauta na imprensa nacional e internacional. As investigações revelaram que os agressores eram membros e ex-membros da polícia militar do Rio de Janeiro.

De acordo com algumas testemunhas, alguns garotos que dormiam na região da Candelária tiveram uma briga com os policiais no dia anterior à chacina. Dois adolescentes foram encaminhados à delegacia da região após serem pegos cheirando cola, mas acabaram sendo liberados no mesmo dia.

Ao se depararem com uma viatura da PM, os dois jovens começaram a debochar dos policiais. Um deles, então, atirou uma pedra contra a viatura, que acabou atingindo a vidraça do carro. O massacre, de acordo com a investigação, foi feito como forma de se vingar do ocorrido.

Ao todo, sete pessoas foram indiciadas pelo crime, mas somente três foram condenadas: o ex-policial militar Marcus Vinicius Emmanuel Borges e os policiais militares Nelson Oliveira dos Santos e Marco Aurélio Dias de Alcântara.

Os três foram condenados a mais de 200 anos de prisão cada, mas todos estão livres nos dias de hoje. Nelson Oliveira dos Santos, que teve sua pena reduzida após recorrer a pena, está em liberdade condicional.

Já Marco Aurélio Dias de Alcântara e Marcus Vinicius Emmanuel Borges ficaram presos até 2011 e 2012, respectivamente, até receberem indultos.

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