‘Justiça feita’, desabafa viúva de policial militar morto em SC, após condenações em júri

“Agora podemos ter paz, porque a justiça foi feita!” É assim que a viúva do policial militar, Marcos Alberto Burzanello, Isabela Farias, resume o sentimento após dois anos de espera para que os responsáveis pela morte do policial fossem condenados.

viúva ao lado do policial militar e a filha lívia

A viúva Isabela Farias ao lado de Marcos e a filha do casal, Lívia. – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

O policial militar foi brutalmente agredido e atingido por um tiro que atingiu a veia femural da perna esquerda ao tentar separar uma confusão em uma boate na noite do dia 2 de dezembro de 2022, no município de Tangará, no Meio-Oeste de Santa Catarina.

“Ele era um excelente marido e pai. Só nos deu orgulho. No momento, entre força e honra – como eles prometem – ele escolheu honrar a profissão dele, mostrando que não era nenhum criminoso e não queria matar ninguém”, desabafou a viúva, após o término da sessão do júri.

Isabela disse que viveu três dias terríveis durante o julgamento. Passou noites sem dormir, mas estava confiante de que a justiça seria feita. Segundo ela, o maior objetivo da família era manter a honra de Marcos e que cada um pagasse pelos seus atos.

“Tenho muito orgulho da pessoa, do pai e marido que ele foi. A vida dele era estudar. Espero que a partir de agora ele descanse em paz porque a justiça foi feita”, disse emocionada.

Isabela contou, ainda, que a filha do casal, Lívia, de apenas 5 anos, tem paixão pelo pai. “Ontem, quando contei que a justiça foi feita, escorreu lágrimas dos olhos dela e ela me abraçou, demonstrando paz”.

Em um áudio enviado por Isabela ao NDMais, a pequena Lívia, de apenas 5 anos, fala com saudade do pai, a quem ela descreve como “meu melhor herói”.

Lívia diz que lembra que o papai brincava, dava banho, deixava os dias divertidos e era o melhor policial. “Hoje é a minha estrelinha mais linda lá do céu. Eu amo o meu papai”, disse. (Ouça abaixo)

 



Oito pessoas foram condenadas pela morte do policial militar

Oito pessoas, sendo seis homens e duas mulheres, foram condenadas pela morte do policial militar. A leitura da sentença aconteceu na noite da quarta-feira (30), após três dias de julgamento. Se somadas, as penas chegam a mais de 124 anos.

Pelo crime de homicídio qualificado pelo motivo fútil, meio cruel, utilização de recurso que dificultou a defesa do ofendido e contra policial militar em decorrência de sua função, eles foram considerados culpados e condenados a penas individuais de 22 anos; 19 anos e cinco meses, e outros quatro réus a pena de 18 anos de reclusão, todos em regime fechado.

julgamento da morte do policial militar

Julgamento aconteceu durante três dias Foto: TJSC/Divulgação/ND

Relembre o crime

Em frente ao estabelecimento, o policial militar foi supostamente cercado pelo grupo. Os acusados teriam dado chutes, socos, pedrada e golpe com garrafa de vidro na cabeça da vítima. Um disparo de arma de fogo contra a perna esquerda atingiu a veia femural.

O policial foi levado às pressas para o Hospital Universitário Santa Terezinha, em Joaçaba, a 40 quilômetros do local do crime. Chegou a receber atendimento, mas não resistiu e morreu, deixando a esposa, Isabela Farias, e uma filha de quatro anos.

policial militar de farda

Policial foi morto em 2022 no município de Tangará; julgamento dos acusados começou na segunda-feira (28) – Foto: Divulgação/ND

As câmeras de segurança flagraram toda a ação. Os réus contribuíram de diferentes formas para a consolidação do crime. Alguns deles seguraram a vítima enquanto outros desferiram os golpes, impediram que os seguranças se aproximassem do local e lutaram pela posse do revólver.

A Polícia Militar identificou os réus durante a madrugada, em diferentes pontos da cidade. Três deles tentaram resistir à prisão e entraram em luta corporal com os agentes de segurança.

Os socos e chutes desferidos por um dos réus acabou provocando lesões corporais em dois policiais.

Conheça a história de amor de Marcos e Isabela

Isabela e Marcos estavam casados há cinco anos e juntos tiveram uma filha, Lívia, hoje com 5 anos.

Os dois se conheceram em 2015, quando Isabela foi até Videira visitar uma tia que é podóloga e atendeu Marcos. Foi nesse dia que os olhares se cruzaram. Era 31 de dezembro de 2015 e naquela noite os dois participaram de um show da virada em Treze Tílias, município vizinho.

Isabela guarda com carinho os momentos vividos em família. – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

“Era para ser, o destino nos colocou no mesmo lugar. A partir daquele dia eu sabia que ele ia ser o amor da minha vida. Em 2017 me mudei definitivamente e ficamos juntos”, conta.

Na noite do crime, Burzanello saiu de casa para dar uma volta, pois estava muito feliz com a aprovação no trabalho de conclusão de curso da faculdade. Ele acabou indo ao evento que o amigo trabalhava como segurança.

A última troca de mensagens com a esposa foi por volta da 1h30 da madrugada. “Ele disse: amor, tô quase indo para casa você está dormindo? A Lívia está bem? Amo vocês duas”, lembra Isabela.

Isabela fez uma tatuagem em homenagem ao marido. – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

O pai de Burzanello também sente diariamente a falta do filho e tem orgulho do homem que foi. “Meu sogro diz que ele era o único amigo”, conta Isabela.

Para homenagear o esposo, Isabela fez uma tatuagem eternizando-o em sua pele. Na frase: “Heróis não morrem, viram lendas”, ela guarda com carinho os momentos vividos juntos. “Eu, como mulher, só tenho lembranças boas. Ele era um marido maravilhoso, sempre fazendo tudo por nós. Ele será o meu para sempre que não pôde ser, o amor da minha vida”.

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