HÁ VINTE ANOS – Breve comentário sobre a eleição que acabou

A economia emite sucessivos e convincentes sinais de recuperação. Nada que lembre uma Brastemp, estou de acordo. Deverá crescer acima de 4% este ano. E seguir crescendo até a próxima eleição presidencial.

Lula conserva elevado grau de popularidade. A essa altura do mandato, está em melhor situação do que esteve Fernando Henrique Cardoso no dele. Mas o PT foi mal nas eleições municipais.

É fato que elegeu mais prefeitos e mais vereadores do que em eleições passadas. Entretanto, foi derrotado em duas cidades estratégicas que governava – São Paulo e Porto Alegre. E ficou de fora de governos importantes – Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador, Belém e Manaus (os maiores do Norte), e Cuiabá, Goiânia e Campo Grande (os maiores do Centro-Oeste).

No caso de Goiânia, o PT foi desalojado do poder. Manteve dois colégios eleitorais-chaves – Belo Horizonte e Recife. Ganhou em Fortaleza. E avançou em colégios eleitorais de pouca expressão – Vitória, Porto Velho, Palmas, Rio Branco e Macapá.

Foi o sexto partido a eleger o maior número de prefeitos (411), menos da metade do número de eleitos por seu maior rival, o PSDB (871). E o sétimo a eleger o maior número de vereadores (3.679), pouco mais da metade do número de eleitos pelo PSDB (6.566).

Isso significa dizer que os brasileiros disseram um rotundo NÃO ao PT? Óbvio que não foi isso. Eleição municipal é assunto local – e só poucas vezes deixa de ser. Daí porque é tolice pensar que o sonho de reeleição de Lula está ameaçado – e, com ele, o projeto do PT se manter no poder por muito tempo.

Não está. Se a economia chegar mais ou menos bem em 2006; se nenhum novo escândalo manchar de forma indelével os carpetes do Palácio do Planalto; e se o governo sustentar ou até mesmo ampliar a aliança de partidos que o apoiam hoje, Lula será o candidato favorito à sua própria sucessão.

 

(Publicado aqui em 2 de novembro de 2004. A propósito: em 2006, com o escândalo do mensalão e tudo mais, Lula se reelegeu, derrotando Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo.)

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