O que o governo pode esperar de PSD e MDB

As eleições municipais passaram e PSD e MDB, os dois principais vencedores, calculam suas próximas ações enquanto evitam divisões e reorganizam suas forças internas, já que novos nomes surgiram. Cogita-se se haverá mudanças na relação desses partidos com o governo Lula na Esplanada e no Congresso. E claro, a ansiedade eleitoral insiste especular as possíveis candidaturas para 2026.

Boas pistas são oferecidas pelas entrevistas recentes de Gilberto Kassab, presidente do PSD, e Baleia Rossi, presidente do MDB. Há em comum uma divisão geográfica na definição de apoio a Lula. O Nordeste, mais pragmático e fisiológico, quer manter-se ao lado do governo até a eleição presidencial. O Sul e Sudeste, mais à direita e próximo do bolsonarismo, quer fazer oposição e lançar uma candidatura própria para desafiar o petista – caso ele concorra.

No campo de oposição ao governo dentro do PSD estão, por exemplo, o governador paranaense Ratinho Júnior e os prefeitos Topazio Neto (Florianópolis) e Eduardo Pimentel (Curitiba), ambos com vices do PL de Jair Bolsonaro. Os prefeitos Ricardo Nunes (São Paulo) e Sebastião Melo (Porto Alegre) defendem que o MDB se afaste do governo Lula. Além disso, o partido é vice de Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul e de Ronaldo Caiado (União Brasil) em Goiás. Já as lideranças do Pará, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte querem seguir alinhados com o petismo.

Outro ponto em comum é que, caso ocorra uma reforma ministerial, um aumento no número de ministérios não é considerado. Baleia Rossi cravou em entrevista ao Globo que o partido não vai reivindicar mais espaço. “Não acho que uma reforma ministerial mude o quadro político atual. O MDB tem três ministérios relevantes. Será uma questão pontual de posições no governo”, afirmou. O partido chefia Planejamento e Orçamento, Cidades e Transportes, que garantem forte influência política e orçamentária.

Para o PSD, que comanda três pastas – Minas e Energia, Agricultura e Pesca – só um ministério importante faria os olhos de Kassab brilharem. Atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem seu nome cotado para assumir a pasta das Relações Institucionais. Silveira seria substituído por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado. Na última semana, Pacheco acenou que poderia assumir uma pasta ou que voltaria à advocacia, mirando uma cadeira no STF.

Aparentemente, ambos partidos seguirão entregando votos para o governo no Congresso. Segundo o radar de votos do site Congresso em Foco, a taxa de adesão do MDB em votações para o governo é de 82%, similar ao PSD, de 83%. E a sucessão da Câmara, com Hugo Motta, candidato de Arthur Lira, atropelando adversários não complicará a vida dos aliados de Lula. Por enquanto.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo alçando a gênio político e aliado leal da direita, é o fiel da balança nas especulações para a disputa presidencial. Por agora, os planos de Kassab colocam-no como vice de Freitas na reeleição em São Paulo em 2026. Assim, o presidente do PSD disputaria o governo do estado enquanto Tarcísio caminharia à Brasília em 2030.

“Meu projeto é Tarcísio, sendo Tarcísio, eu vou estar alinhado com o projeto que seja compatível com o projeto do Tarcísio, seja ele governador ou presidente”, disse Kassab à Globonews. Em outra entrevista, o ex-prefeito afirmou não descartar uma candidatura própria do partido. Baleia Rossi também prevê a reeleição de Tarcísio, “mas isso vai acontecer lá na frente, com uma análise de como estará o quadro político em 2026”.

O que pode desestabilizar esse cenário foi um aceno do presidente do MDB. Perguntado se veria com bons olhos a formação de um bloco entre MDB, PSD e União Brasil, Rossi reconheceu o fortalecimento das legendas após os pleitos municipais e respondeu positivamente: “são os três partidos que têm mais características ao centro. Eu acho que é uma maneira de a gente fortalecer o que a gente representa”

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