Banco Central lança Pix por aproximação a partir da carteira digital do Google

 

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participou, nessa segunda-feira (4), do lançamento do “Pix por aproximação” para os usuários da carteira digital do Google, em São Paulo. Com o sistema, os consumidores vão poder realizar pagamentos com o celular — como fazem com cartões — usando o sistema de pagamentos instantâneos do BC.

A funcionalidade ficará disponível a partir do Google Pay, solução de iniciação de pagamentos que agrega as recursos de instituições financeiras e os disponibiliza no momento da compra, seja virtual ou física. Nesse momento, clientes do C6 Bank e do PicPay podem utilizar o recurso a partir do Google. Nas próximas semanas, ele será habilitado também para quem tem contas no Itaú.

Para operar, a funcionalidade precisa estar habilitada nas maquininhas. No caso do Itaú, a função já está disponível em 100% das máquinas da Rede, conhecidas como “laranjinhas”. Já o PicPay prevê que todas as estações de pagamento estarão aptas até o final do mês. Em outubro, a Cielo também iniciou os testes do sistema, mas de forma independente ao Google Pay.

A expectativa do Banco Central é que o recurso esteja acessível a toda a população em fevereiro de 2025, quando todas as instituições financeiras credenciadas ao BC deverão oferecer o serviço por meio dos iniciadores de pagamento. Os testes com outras instituições de pagamento começam no próximo dia 14.

Com a nova função, o Banco Central espera que consumidores que hoje optam pelo pagamento por cartão, pela facilidade do processo, passem a escolher o Pix. Segundo Campos Neto, uma pesquisa interna do BC, que ainda será divulgada, mostrou que cerca de 30% dos brasileiros que usam mais o cartão do que o Pix fazem essa opção pela agilidade, o que deve mudar com o lançamento do recurso, segundo ele:

“Isso a gente já tinha em intuição, mas não tinha em números: muita gente não usa o Pix porque tem preguiça de entrar no aplicativo, digitar o número e logar. Então, muitos preferem o cartão de crédito porque você pode só aproximar”, afirmou o presidente do BC, em mesa ao lado do presidente do Google Brasil, Fábio Coelho. “Diante desses números, a gente pensou que, se a gente tiver a aproximação por Pix, as pessoas não têm esse motivo de usar o cartão só pela aproximação.

As regras para o Pix por aproximação foram aprovadas pelo BC e o Conselho Monetário Nacional (CMN) em julho, mas as discussões do Google com o mercado e autoridade monetária começaram em agosto do ano passado.

Como vai funcionar

Para fazer o Pix por Aproximação pela Carteira do Google, os usuários vão precisar vincular suas contas à ferramenta. A partir disso, ao fazer um pagamento, o consumidor só vai precisar desbloquear o celular, aproximar o aparelho e seguir os passos do pagamento Pix pela Carteira. O recurso, por enquanto, só irá funcionar para aparelhos Android.

Inicialmente, o Google Pay é a única carteira digital que oferece suporte ao Pix por aproximação. Para que o usuário use a opção de aproximar, o lojista terá que optar, na maquininha, pela opção de pagamento por Pix. O código QR, então, vai aparecer na tela da maquininha. O consumidor então terá que ativar o Google Pay que irá fornecer as opções de bancos cadastrado pelo usuário.

A expansão da funcionalidade depende tanto da disponibilização pelos bancos, como da ativação do recurso para empresas por trás das “maquininhas”. Todo o mercado, no entanto, terá que habilidade a funcionalidade até o prazo do BC, de fevereiro do próximo ano.

O recurso vai funcionar para os aparelhos que tenham o NFC, que é tecnologia que permite a troca de informações entre os celulares e as máquinas de pagamento. Segundo Campos Neto, o BC trabalha para que o NFC seja o padrão no mercado:

“Tem muita pergunta sobre se o Banco Central vai padronizar a parte do NFC. A gente entende que é muito preocupante ter um mercado que é muito fragmentado, onde as coisas não se comunicam. Vamos entrar em um processo de padronização do NFC e todos vão se enquadrar nesse modelo”.

Competição com cartão de crédito

Além das instituições parceiras do Google, outros bancos têm testado o recurso. O Banco do Brasil, por exemplo, tem essa opção disponível em fase piloto para parte dos correntistas, em parceria com a Cielo. Desde outubro, a solução tem sido testada com parte dos clientes para pagamentos de até R$ 200.

No C6 Bank, onde o recurso vem sendo liberado desde agosto, Maxnaun Gutierrez, head de Produtos de Pessoa Física da instituição, diz que o comportamento dos consumidores tem se aproximado do uso do cartão de débito, especialmente para pagamentos menores e do dia a dia.

“Para os clientes do C6, o Pix por aproximação já está disponível, a depender da maquininha. O que a gente vê é que o recurso vai entrar com uma forte competição no segmento de compras menores”, diz o executivo, que avalia que “o próximo passo” é o Pix se tornar competitivo também no segmento de crédito. “Existem funcionalidades hoje no cartão de crédito que não têm no Pix, mas isso vai mudar”.

Mario Miguel, diretor de Pagamentos para Pessoa Física do Itaú Unibanco, em nota, destaca que o pagamento por aproximação já representa 61,1% das transações feitas no mundo físico. “Com ele (o reucurso), o uso do Pix no comércio tem um potencial enorme de crescimento, solucionando desafios que trarão uma experiência muito melhor para o consumidor, que faz a compra, e para o vendedor, que recebe”, avalia o executivo.

A agenda do Banco Central para o Pix ainda inclui a criação de uma modalidade internacional, uma plataforma centralizada que vai agregar diferentes recursos do sistema de pagamento e o “Pix garantido”, que permitirá o parcelamento de compras, algo similar ao cartão de crédito.

Além do Pix por aproximação, o Google também lançou, nessa segunda-feira, o botão “Pagar com GPay”, que facilita transações em plataformas de e-commerce, sem o usuário precisar abrir o aplicativo do banco. A big tech também informou que, nos próximos meses, vai lançar o Pix no Chrome, uma opção que permite que os usuários façam pagamento durante a navegação.

Fonte: O Globo

 

 

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