RJ: parasita da meningite é encontrado em caracóis pequenos pela 1ª vez

Causador de um tipo de meningite, o parasita Angiostrongylus cantonensis foi encontrado em diferentes espécies de caracóis e lesmas no estado do Rio de Janeiro. Algumas espécies foram relacionadas pela primeira vez ao patógeno, como um grupo de caracóis pequenos. No total, o verme foi encontrado em 26 cidades, incluindo a capital e Niterói.

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A pesquisa pioneira na identificação de caracóis infectados pelo parasita da meningite eosinofílica (ou angiostrongilíase cerebral) foi liderada por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e será publicada na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

Entre a lista de caracóis infectados, está a espécie Leptinaria unilamellata, na qual os indivíduos adultos medem cerca de 2 cm. Este achado foi uma surpresa para a equipe, já que o caracol pequeno não tinha sido associado anteriormente ao parasita.


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O verme também foi identificado em espécies maiores de caracóis, como a Achatina fulica, que é popularmente conhecida como caracol-gigante-africano ou ainda caramujo-gigante-africano. Isso porque a concha de um indivíduo adulto pode medir mais de 10 cm. Outro grupo de risco são as lesmas da espécie Angustipes erinaceus.

“Estudos têm mostrado que as espécies de moluscos mais abundantes em áreas urbanas são aquelas que mais provavelmente serão encontradas infectadas”, aponta Suzete Rodrigues Gomes, pesquisadora em saúde pública do IOC/Fiocruz e autora do estudo, para a Agência Bori.

Risco da meningite eosinofílica

A meningite eosinofílica é uma doença ainda pouco conhecida no Brasil, mas, como toda meningite, provoca a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, afetando o sistema nervoso central. Existem cerca de 40 casos documentados no país, além de 100 outros suspeitos.

Diferente do que podemos imaginar, os caracóis pequenos ou grandes não são os hospedeiros naturais desse parasita. Na verdade, são os roedores (como ratos), mas as suas fezes podem conter larvas do A. cantonensis. Ao entrar em contato com esses dejetos, as mais diferentes espécies de moluscos acabam se contaminando.

No estado do Rio, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz descobrem diferentes espécies de caracóis e lesmas com parasita da meningite (Imagem: Wirestock/Freepik)

No caso dos humanos, a contaminação se dá pela ingestão caracóis e lesmas crus parasitados. Outra forma de infecção envolve a ingestão do muco dessas criaturas, contendo larvas, que pode ser liberado sobre alimentos como frutas e vegetais. Por isso, é tão importante higienizar adequadamente os alimentos antes do consumo.

Por causa do número limitado de casos oficiais, esse tipo de meningite é ainda negligenciada, mas, em alguns casos, podem causar sérias complicações. Isso inclui até a perda da visão. 

Transmissão de doença por caracóis no RJ

Na pesquisa, o grupo analisou 2,6 mil caracóis, sendo que 230 deles estavam com larvas do parasita da meningite, ao longo de quatro anos. Entre as 26 cidades rastreadas com o verme no estado do Rio, estão: 

  • Rio de Janeiro (capital);
  • Niterói;
  • Nilópolis;
  • Maricá;
  • Nova Iguaçu;
  • Seropédica.

“Esse mapeamento fornece informações essenciais para a avaliação do risco de infecção humana e deve ajudar as autoridades de saúde locais a fornecer um diagnóstico mais rápido e preciso sempre que houver suspeita da doença”, afirma a pesquisadora Gomes.

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