Divisão no governo Lula sobre cortes de gastos gera tensão

Brasília – Reuniões recentes no Palácio do Planalto para discutir cortes de gastos expuseram tensões entre ministros e divergências internas no governo Lula. Em uma dessas reuniões, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discutiram de forma acalorada sobre mudanças em programas como o abono salarial e o seguro-desemprego, segundo a Coluna do Estadão. Marinho expressou descontentamento com o que considera uma falta de diálogo em relação aos cortes.

O embate reflete a divisão dentro do PT sobre os efeitos políticos das medidas de ajuste fiscal. Muitos petistas temem que o corte de gastos em áreas sociais prejudique a imagem do governo e afete as eleições de 2026. As críticas também recaem sobre o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que, segundo integrantes do governo, adota uma postura rígida e com pouco espaço para diálogo.

Tensão em áreas como educação e previdência

Além do Trabalho, a pasta da Educação também demonstrou preocupação. Camilo Santana, ministro da Educação, expressou temores sobre mudanças no Fundeb durante as negociações. O ministro compartilha o receio de que cortes possam prejudicar o financiamento educacional, enquanto outros setores pressionam por uma política fiscal mais rígida. Nesse contexto, a ministra da Gestão, Esther Dweck, defende uma ampliação do investimento público, o que contrasta com a visão de Haddad.

Debate interno e posicionamento da ala esquerda do PT

Em São Paulo, o professor da USP Lincoln Secco criticou a falta de políticas de neoindustrialização e defendeu uma maior pressão da ala esquerda do PT sobre o governo. Em evento da Fundação Perseu Abramo, ele sugeriu um governo “com mais Esther Dweck e menos Haddad”, referindo-se ao equilíbrio que o partido busca entre uma política fiscal rigorosa e a defesa de investimentos sociais.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também enfatizou a necessidade de cautela na modernização do discurso do partido. Ela usou a metáfora de “não jogar a água da bacia com a criança dentro” para ilustrar o risco de cortes que prejudiquem a base mais vulnerável. Hoffmann já havia se posicionado contra propostas de desvinculação do salário mínimo dos benefícios previdenciários, alertando para a importância de revisitar o arcabouço fiscal.

Preocupações externas e impacto das eleições nos EUA

O cenário político global adiciona mais pressão sobre o Planalto. A recente vitória de Donald Trump nos Estados Unidos preocupa o governo, que vê o fortalecimento de políticas conservadoras como uma possível ameaça à estabilidade interna. O Planalto teme que o movimento fortaleça a oposição brasileira e dificulte a implementação de medidas de ajuste sem prejuízo ao apoio da base.

Apesar das pressões, a equipe econômica enfrenta exigências do mercado para consolidar o ajuste fiscal e assegurar o equilíbrio das contas. Com isso, o governo precisa decidir se o ajuste fiscal é de fato inevitável ou se há alternativas que preservem o apoio popular e garantam a estabilidade nas próximas eleições.


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Perguntas e respostas sobre o plano de ajuste fiscal e impacto político

Qual é o objetivo do ajuste fiscal proposto pelo governo?
O plano visa reduzir os gastos públicos para equilibrar as contas e atender às demandas do mercado.

Quais áreas estão sendo discutidas para os cortes?
Setores como trabalho, educação, previdência e programas sociais são alguns dos alvos dos cortes em debate.

Qual a posição do PT sobre os cortes de gastos?
O partido está dividido; enquanto alguns defendem o ajuste fiscal, outros temem que isso prejudique a base social e afete o resultado nas eleições de 2026.

Como o cenário político dos EUA impacta o Brasil?
A vitória de Trump reforça o conservadorismo, o que preocupa o governo Lula, temendo o fortalecimento da oposição interna e dificuldades em implementar ajustes.

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