Trump diz que vai acabar com guerras no mundo. O que ele pode fazer?

No primeiro discurso após ser eleito presidente dos Estados Unidos, realizado na madrugada de quarta-feira (6/11), Donald Trump aproveitou o momento para falar sobre conflitos que estão sendo travados ao redor do mundo atualmente. Ao lado do vice, J.D. Vance, o republicano prometeu ser o político que vai acabar com guerras – ainda que declarações durante a corrida eleitoral não sinalizem isso.

“Disseram que eu começaria uma guerra. Mas eu não vou começar nenhuma guerra. Eu vou por fim a guerras”, declarou o presidente eleito.

Apesar da promessa, o magnata fez diversos comentários sobre os principais conflitos da atualidade durante a campanha eleitoral, e indicou que eles podem não acabar, e sim serem afetados pela política externa dos EUA sob o seu comando.

Ucrânia

Os cofres dos EUA se abriram para a Ucrânia desde o início da guerra com a Rússia, em fevereiro de 2022, tornando a administração Biden o maior financiador e apoiador do país liderado por Volodymyr Zelensky. 

Estimativas apontam que o apoio financeiro de Washington a Kiev, incluindo ajuda militar, já ultrapassou a cifra dos US$ 84 bilhões. O dado, do Instituto Kiel, não leva em conta os pacotes de armamentos liberados pelo governo Biden, que giraram em torno de US$ 8,9 bilhões no período de 57 dias.

O alto valor depositado no conflito, no entanto, passou a ser alvo de críticas na política interna dos EUA, principalmente entre membros do Partido Republicano, por não enxergarem grandes retornos do investimento no campo de batalha.

Além da promessa em acabar com o conflito entre ucranianos e russos em “24 horas”, caso fosse eleito, o magnata também demonstrou descontentamento quanto ao valor enviado à Ucrânia, e sinalizou que a assistência ao país pode ser afetada na sua administração.

Em junho, Trump falava com apoiadores em Detroit quando chamou Zelensky de “o melhor vendedor entre todos os políticos de toda a história” por sempre garantir uma quantia astronômica a cada encontro com o então presidente norte-americano, Joe Biden.

“Ele saiu há quatro dias com US$ 60 bilhões, e chega em casa e anuncia que precisa de mais US$ 60 bilhões. Isso nunca acaba”, disse.

Israel

Antes mesmo de voltar à Casa Branca, Trump deixou claro que a parceria histórica entre EUA e Israel, principalmente contra ameaças do chamado “eixo da resistência” no Oriente Médio, continuará com o país sob seu comando.

Entretanto, uma mudança significativa pode surgir em relação ao apoio às ações de Israel, que nos últimos meses enfrentou problemas com a administração Biden, principalmente na guerra da Faixa de Gaza. 

Mesmo garantindo que Israel possui o direito de atacar o Hamas no enclave palestino, o derramamento de sangue em Gaza fez com que os EUA subissem o tom contra os planos do governo Netanyahu.

Além do alto número de palestinos mortos, que já ultrapassa a marca de 43 mil até o momento, a questão humanitária em Gaza fez com que os EUA criticassem as ações de israelenses na região e ameaçassem um embargo de armas, caso a Israel não agisse para melhorar a situação. 

Irã

No primeiro telefonema após a eleição de Trump, o gabinete de Benjamin Netanyahu informou que um dos temas discutidos pelos dois líderes foi a “ameaça iraniana”, mostrando que a ascensão do bilionário à Casa Branca pode esticar, ainda mais, a corda entre Israel e Irã.

Como um dos desdobramentos da guerra na Faixa de Gaza, os dois países entraram em confronto direto neste ano, com ataques mútuos desde abril deste ano.

As ações militares contra o Irã, apesar de apoiadas pelos EUA, sempre foram precedidas de diversos alertas e pressões do governo Biden sobre o tom dos ataques. A administração democrata defendia que os ataques precisavam mostrar o poder de Israel, mas sem exageros, com o objetivo de evitar uma guerra direta entre os dois países.

Exemplo dessa postura aconteceu no fim de outubro, quando Israel bombardeou o território iraniano em retaliação aos ataques sofridos no início do mês. Na época, havia a expectativa de que instalações nucleares no país pudessem ser alvos.

Questionado se apoiava a ideia israelense, Biden disse ser contrário a ataques em alvos nucleares, e pediu Israel deveria respondesse ao bombardeio de 1º de outubro contra seu território na “mesma proporção”.

“A resposta é não [se os EUA apoiam uma ofensiva contra instalações nucleares iranianas]”, declarou Biden a repórteres. “E eu acho que há coisas – nós discutiremos com os israelenses o que eles farão, mas eles, todos, todos os sete de nós [membros do G7] concordamos que eles têm o direito de responder. Mas eles devem responder na mesma proporção.”

Já Trump, que ordenou a morte do principal general do Irã no seu primeiro mandato, disse que o programa nuclear do regime iraniano deveria ser o principal alvo da ação.

“Quando lhe fizeram [ao presidente Biden] essa pergunta, a resposta deveria ter sido atingir o nuclear primeiro, e se preocupar com o resto depois”, disse Trump durante um evento de campanha na Carolina do Norte.

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