Mais do mesmo…

Estou a escrever na terça-feira, 5 de novembro, dia de eleições nos Estados Unidos da América, pleito em que concorrem a Democrata, Kamala Harris contra o “laranjão” louro e Republicano, Donald Trump.

Neste momento, o mundo todo especula em torno das pesquisas eleitorais americanas, um reflexo também do que se sabe em termos de apostas, porque alguns humanos adoram colocar seus “pés-de-meia”, justo no jogo tolo que lhes oportuniza um ganho lúdico sem qualquer suor, por mínimo esforço!

Agora, por exemplo, o Brasil resolveu tornar legal a jogatina desenfreada com a Bet, ou Bets, que o propagandeio televisivo alardeia mais que benéfica, por ser consentida pelo Estado.

Neste propagandeio massivo tais Bet ou Bets chegaram bem advindas, e não são tão “benvindas”, porque irão promover a infelicidade dos tolos a golpes de sorte.

Este, porém, não é nosso assunto, afinal joga quem quer, quem não é previdente sobretudo, torcer faz parte do jogo, e ter prejuízo também.

E que não se fale de usura, nem queiramos que Deus puna aqueles que exploram os incautos.

Destes, os imprudentes, não há Santos Protetores, e assim é vasto o marketing que estimula a jogatina, agora sobremodo exaltada, sem lambanças de Jogo do Bicho, nem outros cantos e mal encantos de Kid Morengueira, o xistoso Moreira da Silva, só por sonho, ter um dia acertado no milhar, justo cantando à sua, dele, Clementina, de não ter mais de cair no batente, cedo acordar, e trabalhar.

Em outras imprudências, e aí é que me interessa por assunto, o Brasil crê que nosso futuro será decidido lá longe, na distante América do Norte.

Muita gente está achando que a disputa Trump x Kamala irá botar ordem no nosso cassino, onde os crupiês só obedecem, de longa data ao velho Tio Sam, algo tão antanho como o velho mote da Doutrina Monroe, de “amplas américas para os americanos”, concebida para se opor à recolonização das republiquetas ameríndias, pelas potências europeias, e que em verdade virou uma tutela para si, deles americanos, tema mais que rejeitado pelos nacionalistas, muitos índios também, ou indiagens, num imenso cafofo de pés-sujos de todos os naipes.

Nos tempos de “Ditadura Vargas”, por exemplo, a foto risonha de Getúlio Vargas junto de Franklin Roosevelt, Presidente americano, apertados num jipe, bem ilustra o contentamento de ambos se perpetuando no poder, lá e cá aliados, guerreando contra as Potências do Eixo Alemanha-Itália-Japão.

Nos idos Juscelino Kubitscheck, o Presidente Bossa-Nova e Peixe-Vivo, seu homólogo americano, o General-Comandante, Ike Eisenhower, foi recebido em carro aberto com forte aplauso na Avenida Central do Rio de Janeiro,mas os estudantes quiseram melar esta visita do presidente americano estendendo um grande cartaz firmando o seu amor por Fidel Castro, o ditador que se perpetuaria em Cuba.

Nesse tempo os americanos eram os vilões do nosso desenvolvimento, e eu cresci ouvindo os apupos dos meus colegas contra os Yankees.

Com o Presidente Jânio Quadros, só houve tempo para uma má pose em fotografia com Che Guevara, condecorado como antiamericano, mas nosso grande amigo.

Era o Brasil se distanciando da América, continuando depois com Jango Goulart que logo foi derrubado num movimento político-militar, sendo acusado até hoje de cair por artimanha da armada americana, que do Caribe distante nos ameaçava o Pão de Açúcar e o Morro Corcovado, ficando o Cristo Redentor, até hoje com os braços abertos rendido, uma coisa nunca vista, nem comprovada, nem por pior filmada e fotografada, mas que restou assim só para dizer que os americanos aqui interferem até por sonho, ou mero sopro em pesadelo.

Ou seja, para estes “estoriadores”, não houve movimento militar vitorioso a partir de Minas Gerais e o General Mourão Filho, enquanto “vaca fardada”, nada fez, além de morder seu cachimbo em simples bravata.

No suceder da História e chegando aos anos plúmbeos do regime militar, quatro Generais-Presidente se sucederam: Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Medici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo, nenhum deles ousando se perpetuar no poder, todos rezando boas amizades com os americanos.

A parte tudo isso, subiu nos Estados Unidos o Presidente Jimmy Carter, um “amendoimcultor”, menosprezado assim, por Democrata, que resolveu sair pelo mundo fustigando os aliados dos Estados Unidos da América, em nome de uma decantada política de “Direitos Humanos”, que nem ele sabia quanto era ingênua.

Os americanos estavam fragilizados com a Guerra do Vietnam, que se prolongou sem sucesso, com os escândalos Watergate que derrubaram Richard Nixon, justo um Presidente que havia tido muito sucesso com a política de Détente, enterrando a Guerra Fria com os acordos de limitação das Armas Nucleares, e promovendo as boas relações da América com a China e a Rússia, sob inspiração de Henry Kissinger, uma perspectiva de pacificação du mundo, hoje ameaçado com a Guerra da Ucrânia, cujos reflexos estão ainda imprecisos.

O tempo, como falei, não era mais de Nixon e Kissinger. Jimmy Carter chegava com sua política “Direitos Humanos”, e as nossas esquerdas entraram em grande euforia aguardando a visita de sua esposa, Dona Rosalyn Carter, que iria “puxar as orelhas” do nosso Presidente mais germânico; Ernesto Geisel.

E o que se viu foi que o austero e sisudo General, foi-lhe cordial, porque às damas devemos todos sê-lo, mas respondê-las com altivez e dignidade, como ele o fez à sua arguição, via caderno de apontamentos, desapontando tantos quantos o queriam num cagaço humilhado, e como se diz na gíria “jungido e mal pago”.

Não foi o caso, e aqui vale lembrar um texto meu de 29 de abril de 2012, titulado como “O Complexo e o Desconexo”, que me apareceu no Google só por pesquisa de uma fotografia.

Vai um extrato do texto:

Houve inclusive uma “arguição” prévia da Senhora Rosalyn Carter, descrita por Geisel em suas memórias que bem valem as aspas: “Com a dona Rosalyn era mais difícil, porque ela trazia um caderninho com as suas anotações. Ela tinha um professor que veio junto, o sr. Pastor, que a instruía. Ela se sentava, abria o caderno e apresentava sucessivamente os itens da nossa conversa. Eram itens sobre direitos humanos, energia nuclear… Ela se envolvia em tudo. Uma vez eu disse a ela: “A senhora está abordando um problema baseado apenas em suposições” – referia-me a energia nuclear – “e, enquanto isso, os Estados Unidos continuam fazendo experiências nucleares”. Ela: “Ah, não! O Jimmy não faz isso!” Aí eu respondi: “perdoe, mas faz. Está aqui o jornal de ontem deu a notícia de uma experiência no deserto de Nevada”. E ela: “Não, não é verdade”. Depois ela me telefonou dizendo que tinha verificado e que a experiência nuclear tinha sido feita realmente, mas no mar. Eu disse: “Mas minha senhora, é experiência nuclear do mesmo jeito! Estão estourando bombas nucleares! Para quê? Para bombardear o mundo?”  

 

Ainda por relatos de Geisel, vale repetir: “Uma ocasião o Carter, ela e o secretário de Estado que os acompanhavam fizeram uma chantagem comigo. Eles diziam que poderiam fazer isso e aquilo pelo Brasil, mas que já estavam em negociações se encaminhando para fazer tais favores à Argentina. Respondi: “Muito bem, os senhores façam os favores para a Argentina. O Brasil não tem nada com isso. Não temos incompatibilidades ou rivalidades com a Argentina. Se os senhores quiserem fazer, não há qualquer objeção”. Que mediocridade! Pensavam que eu fosse me impressionar e ceder às suas pressões. Eles não queriam que eu cumprisse o Acordo Nuclear com a Alemanha”.

Quem se lembra daquela visita, sabe que a imprensa muito especulou almejando um cascudo Ianque no General Presidente, destacando sobremodo uma “carona” dada por Jimmy Carter ao então Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Arns, enquanto entrevista sem gravações e a gerar vivas especulações, nunca resultando em nada.

Restou igual e sem mudança a “abertura lenta, gradual e segura”, assim definida pelo General Geisel, desde a sua promessa de posse.

No entanto, no seu retorno da visita, Carter teve que ouvir a contragosto o entendimento dos “Direitos Humanos”, concebido pelo Presidente Geisel e seu governo.

Como a História é inexorável com os fortes e os fracos, a política de “Direitos Humanos” de Carter foi um fracasso mundo a fora, só semeando inimizades com os governos que sucederam àqueles, tidos e havidos como pouco democráticos.

E o fiasco foi tamanho que no Irã, aconteceu a derrubada do Xá Reza Pahlevi, houve a traumática invasão à Embaixada Americana, oportunidade para se filmar um resgate dos funcionários mantidos como reféns, num filme cujo nome não lembro, e por sequência, em tantos vais e não vens, o Teerã continua uma presa dos aiatolás, e um perigo para o mundo.

Hoje a história é a mesma. Se as esquerdas estão felizes com o Lula na Presidência da República, a Direita está torcendo pela vitória do laranjão, Donald Trump, querendo que este coloque rédeas no Supremo Tribunal, se possível dando novo brilho às luzidias carecas que ali tanto incomodam.

Ou seja, o Brasil é o mesmo. Não resolve os seus problemas e quer que os ianques intervenham.

Termino dizendo que o Laranjão, Donald Trump se sagrou vitorioso e as esquerdas já estão se lamuriando, dizendo que o mundo vai se acabar.

Que bom que elas estão chorando!

Ė pranto errado, mas muito bem-merecido! Não nos chamam de “escrotos”?

Quanto a mim, e na minha imerecida “escrotidão”, ressonei feliz na terça-feira, 5 de novembro, de maneira dupla: primeiro com o meu Botafogo vencendo o Vasco da Gama por 3x0, computando seis pontos, e distanciando-se à frente do Brasileirão, e por final, com o Trump pontuando à frente da risonha Kamala.

Foi mais do mesmo? Foi.

Felizmente, a galera que agora sorri é a do meu lado!

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