Cientistas querem armazenar energia a partir do calor humano; entenda

Através do nosso metabolismo, o corpo humano produz calor de forma constante. Isso pode ser facilmente comprovado com uma câmera térmica infravermelha ou mesmo com um termômetro, já que normalmente estamos mais quentes que o ambiente do entorno. A questão é que toda essa energia é dissipada pela atmosfera e perdida, mas uma equipe de cientistas europeus planeja mudar isso.

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Pesquisadores da Universidade de Limerick, na Irlanda, e da Universidade de Valência, na Espanha, buscam formas de armazenar e de converter o calor gerado pelo corpo humano (ou qualquer outro tipo de calor residual) em energia elétrica

Se isso funcionar, no futuro, ninguém mais precisará carregar celular, relógios inteligentes ou mesmo dispositivos médicos, de forma externa, na tomada. Em tese, poderão ser carregados enquanto são usados. Entretanto, é preciso ter calma, porque os estudos ainda são iniciais. 


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As possíveis bases dessa tecnologia que reaproveita pequenas quantidades de calor residual foram descritas em estudo publicado na revista Advanced Functional Materials. Estas mesmas técnicas poderiam gerar uma grande economia em indústrias, aproveitando qualquer calor gerado em meio aos seus processos.

Capturando calor do corpo humano

Para converter o calor em energia elétrica, a ideia é traçar paralelos com os mecanismos usados em termoelétricas. O problema é que os materiais termoelétricos convencionais que ajudam nessa conversão, como cádmio, chumbo e mercúrio, apresentam riscos ambientais e à saúde. Isso os torna inviáveis para essas novas aplicações.

Cientistas querem transformar o calor residual em energia elétrica, o que permitirá aproveitar até o calor gerado pelo corpo humano (Imagem: Franz Bachinger/Pixabay)

Segundo os cientistas, uma alternativa viável para converter o calor residual em eletricidade seria a lignina. É um dos biopolímeros mais abundantes do planeta, já que está presente na maior parte dos vegetais, assim como a celulose. Se for aplicada da forma correta, pode cumprir essa função, com a vantagem de ser uma alternativa ecologicamente sustentável.

Convertendo calor em eletricidade

“Nosso estudo mostra que as membranas à base de lignina, quando embebidas em uma solução salina, podem converter com eficiência o calor residual de baixa temperatura [menor que 200 °C] em eletricidade”, explica Muhammad Muddasar, pesquisador da Universidade de Limerick, em artigo para a plataforma The Conversation.

“A diferença de temperatura entre a membrana de lignina faz com que os íons (átomos carregados) na solução salina se movam”, acrescenta. Dessa forma, os íons positivos se deslocam para o lado mais frio, enquanto os íons negativos se deslocam para o lado mais quente. 

“A separação de cargas cria uma diferença de potencial elétrico na membrana, que pode ser aproveitada como energia elétrica”, completa o pesquisador sobre o mecanismo que promete permitir o uso do calor gerado pelo corpo humano.

Além de converter calor em eletricidade, será necessário armazenar essa energia, de forma eficaz, limitando a dispersão. Isso acrescenta mais um nível de complexidade a essa missão. 

Considerando o objetivo de tornar o organismo humano uma espécie de usina, ainda será preciso adaptar todo esse aparato para ser acoplado através de uma braçadeira ou em um item do tipo. Isso ainda não foi testado, mas pode ocorrer em breve, se depender dessa equipe. Outros grupos de pesquisa investem em experimentos nessa área também, como é o caso do Instituto Harbin de Tecnologia, na China.

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