Luta em carro e facada mortal: segurança de bar será julgado nesta 2ª

O Tribunal de Júri do Guará julgará no próximo dia 11 de novembro Marciel de Sousa Barros (foto em destaque), o segurança de um bar acusado de matar a facadas um cliente na madrugada do dia 13 de fevereiro deste ano. O crime ocorreu após um suposto histórico de ameaças entre o autor e a vítima, Luiz Fernando Alves da Silva, que tinha 34 anos.

O crime foi cometido durante o feriado de Carnaval. Segundo mostram imagens de câmera de segurança do local obtidas pelo Metrópoles, era por volta de 21h, quando Marciel chegou de moto ao bar na QE 40, no Guará, acompanhado da esposa.

Nas filmagens, é possível ver quando a confusão começa, conforme o autor passa com a moto pela lateral de um carro parado com a porta entreaberta em frente ao estabelecimento. Em seguida, Marciel e Luiz vão para dentro do veículo, onde dão-se início às agressões.

Veja:

Conforme consta em autos do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), “a vítima teria sido atacada repentinamente com socos e chutes pelo acusado, que em seguida teria empurrado a vítima para dentro do carro, onde a teria imobilizado e supostamente desferido um golpe de faca”.

De acordo com a perícia, a vítima morreu com uma perfuração por arma branca no lado esquerdo do tórax, próxima ao coração. Testemunhas conseguiram registrar o momento do crime. Marciel já estava com a arma do crime antes de chegar ao local.

À Justiça, uma testemunha afirmou que Marciel seria dono de um galinheiro, e que estaria com a faca no momento do crime pois teria realizado serviços no local momentos antes. A testemunha afirmou também que Marciel costumava levar consigo spray de pimenta e soco-inglês para o expediente como segurança.

Confira momento em que cliente é assassinado com facada no peito:

Até o momento, não foi possível determinar quem teria dado início às agressões. Ao longo do processo, ao menos sete testemunhas foram ouvidas pela 4ª Delegacia de Polícia (Guará) e pela Justiça, cada uma apresentando uma versão dos fatos.

Segundo uma das testemunhas, que teve o pulso cortado enquanto tentava separar Luiz e Marciel, a vítima estava sentada dentro do carro, com a porta entreaberta, em frente ao bar, quando Marciel chegou ao local de moto. O segurança então teria avançado contra a vítima.

Outras relataram, no entanto, que foi Luiz quem teria partido para cima de Marciel. Uma testemunha disse que a vítima teria ofendido o segurança ao reconhecê-lo na porta do estabelecimento, enquanto outra afirmou que Luiz chutou o pneu da moto do autor enquanto ele passava pelo corredor de carros.

Marciel de Sousa Barros responde ao processo em reclusão desde julho deste ano, quando teve mandado de prisão decretado pelo TJDFT. O réu é acusado de cometer homicídio duplamente qualificado.

Crime premeditado

Ao Metrópoles, Maria do Amparo Alves, 65, mãe de Luiz Fernando Alves, afirmou que acredita que Marciel já teria planejado o crime antes mesmo de chegar ao estabelecimento. “Ele estava de capacete, como quem queria ficar invisível mesmo, para não parecer que era ele. Mascarado”, disse.

“Chegou já com o intuito de matar meu filho. Ele já chegou de moto, de capacete e com a faca, tudo premeditado”, completa a pedagoga aposentada.

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Luiz Fernando era servidor da Universidade de Brasília (UnB)

Luiz e a mãe, Maria do Amparo, 65
Luiz Fernando Alves, 34
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Maria do Amparo, 65 anos, e Luiz Fernando, 34

Material cedido ao Metrópoles

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Luiz Fernando era servidor da Universidade de Brasília (UnB)

Material cedido ao Metrópoles

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Luiz e a mãe, Maria do Amparo, 65

Material cedido ao Metrópoles

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Luiz Fernando Alves, 34

Material cedido ao Metrópoles

 

Os advogados advogados Bruno Christy A. Freitas e Ailton Rodrigues de Oliveira, que auxiliam a promotoria, corroboram com a versão da família, e afirma que a motivação do crime foi fútil, e que o fato do réu ter agido em ambiente fechado impediu que a vítima pudesse se defender.

Em meio às acusações de que o filho tivesse um comportamento agressivo, a mãe da vítima afirma que lembra do filho como “uma pessoa do bem e estudioso”. “[O Luiz] nunca foi de fazer mal a ninguém. Agora inventam essas mentiras sobre o meu filho para acobertar a morte dele”, lamentou.

Expulsão do bar e ameaças

Segundo alegou a defesa de Marciel ao Metrópoles, Luiz teria um histórico de brigas e ameaças contra Marciel, que tiveram início após o cliente ter sido proibido de frequentar o estabelecimento onde o autor trabalhava. A defesa afirma ainda que Luiz, teria tido uma briga corporal com Marciel dias antes e que no dia em que ocorreu o crime, estaria parado no carro esperando a chegada de Marciel ao bar.

Segundo o advogado de defesa Marcílio de Sousa Barrosa, a expulsão da vítima teria sido motivada após a vítima ter assediado duas outras clientes e ter feito uso de entorpecentes no local, e que, desde que Luiz foi retirado do local pelos seguranças, ele teria começado a ameaçar Marciel reiteradamente.

“Luiz estava proibido de entrar no bar, já tinha mais de anos. Aí ele ameaçava o segurança, inclusive, ele sempre ia na porta do bar e ficava chamando Marciel para poder trocar pancada, para brigar, desafiando”, diz o advogado.

Em uma outra situação relatada ao longo do processo, Luiz também teria feito ameaças de voltar ao bar armado quando passasse em um concurso para a Polícia Penal. “Quando o Luiz chegava [no bar], já colocavam o Marciel para dentro”, relatou uma testemunha.

Veja:

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Luiz supostamente teria ameaçado o segurança Marciel no local de trabalho

Material cedido ao Metrópoles

A defesa, por fim, busca refutar as alegações de que o crime tivesse sido premeditado e de que ele tenha buscado esconder a identidade usando o capacete. “Ele era o segurança mais antigo do bar, conhecido por todos na região e estava acompanhado da esposa. Ele não ia querer matar ninguém nessas circunstâncias. Ele foi puxado para dentro do carro antes de conseguir tirar o capacete, e desferiu o golpe com a faca apenas para tentar afastar a vítima, que é muito maior de estatura que o autor”, argumenta.

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