Equipe brasileira é premiada por criar filtro detector de microplásticos

Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) de São José dos Campos (SP) ganharam a medalha de ouro na categoria de Biorremediação do iGEM, competição global organizada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). O projeto vencedor é o de um filtro ecológico capaz de detectar e retirar microplásticos e nanoplásticos em filtros domésticos.

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A inovação premiada recebe o nome de BARBIE 4.0 — sigla para Bioengineered Aquatic Pollutants Removal and Biosensing through Integrated Eco-filter, ou “Remoção de Poluentes Aquáticos por Bioengenharia e Biossensorização por meio de filtro Ecológico Integrado” em tradução livre. A fase global do iGEM foi disputada entre os dias 23 e 25 de outubro na França.

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Como o filtro funciona

O BARBIE 4.0 tem um biossensor que identifica o plástico na água e possui uma matriz biológica com a principal proteína presente na teia de aranhas. Essa proteína tem uma capacidade aumentada para criar ligações com diferentes microplásticos e evitar que as partículas fiquem na água.

A pesquisadora do CNPEM e responsável pelo projeto, Gabriela Persinoti, explica que o filtro consegue criar um hidrogel para filtrar o material e a proteína Barbie é eficiente para identificar partículas ainda menores, como microplásticos ou nanoplásticos. 

O projeto ainda está em estágio de desenvolvimento, mas a intenção é adicionar o dispositivo nos filtros convencionais das casas — primeiro, as partículas maiores seriam removidas pelos métodos convencionais, e depois os microplásticos ficariam retidos com a tecnologia adicional

“No Brasil ainda não existe regulamentação sobre a quantidade máxima de microplástico que pode haver na água, então esse projeto é muito importante para investirmos tanto na regulamentação quanto na filtragem”, explicou Persinoti. 

“O problema das micro e nano partículas está bem na fronteira do conhecimento, então é importante discutirmos isso com entidades regulatórias e cientistas para propormos soluções e a regulamentação disso, para evitarmos problemas de saúde futuros devido ao acúmulo dessas substâncias no corpo”, completou.

De acordo com a pesquisadora, ainda não há previsão de lançar a tecnologia no mercado porque o filtro precisa passar por testes com outros plásticos — os únicos experimentos foram feitos usando o plástico usado para criar isopor. 

Diferença entre microplásticos e nanoplásticos

Os microplásticos são fragmentos de plásticos de até cinco milímetros de diâmetro, normalmente formados a partir do desgaste de pedaços maiores do material. Já os nanoplásticos são componentes até mil vezes menores, o que dificulta ainda mais a extração de outros materiais.

Além dos problemas com a decomposição demorada no meio ambiente, que pode levar milhares ou milhões de anos, as pequenas partículas de plástico são objeto de atenção porque podem estar espalhadas na água potável e até no sangue humano. 

Recentemente, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um método que usa ímãs para detectar e remover nanoplásticos da água.

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