Censo demográfico 2022 coloca as favelas no mapa das políticas públicas, afirma Renato Meirelles

O fundador do Instituto Data Favela, Renato Meirelles, avalia que o aumento das favelas, revelado pelo Censo do IBGE, se deve as crises econômicas que aconteceram no intervalo do censo realizado em 2010 e a de 2022.

“Ficamos anos sem o aumento real no salário-mínimo, tivemos uma pandemia. São fatores que atingem a população, tendo um crescimento no número de desemprego, por exemplo. Assim, as pessoas buscam soluções, como mudar o lugar de moradia, contribuindo para o aumento de moradores nas favelas.”

Segundo Meirelles, durante anos as favelas ficaram excluídas do mapa e, agora, com os dados atualizados, essa parcela da população que praticamente dobrou de tamanho, tem a oportunidade de ser melhor compreendida e atendida. “Os dados do censo são importantes porque não existem políticas públicas sem evidência e estamos falando de mais de 16.390.815 de pessoas que foram chamadas de invisíveis e, graças ao trabalho do censo, vão conseguir entrar no mapa das políticas públicas”, explica Meirelles.

Sobre as proporções de pardos (56,8%) e pretos (16,1%) ser superior aos percentuais observados na população total (respectivamente 45,3% e 10,2%), e a de pessoas brancas na população do país (43,5%) superior ao percentual observado na população das favelas e comunidades (26,6%), Meirelles acredita ser reflexo da desigualdade social que persiste no Brasil.

“A favela, ao mesmo tempo que é uma potência, é a concentração geográfica das desigualdades do Brasil. Por isso vemos o maior número de pardos e pretos que apontam os números do censo, além de também possuir um maior número de mulheres como chefes de família, por exemplo”, observa o fundador do Data Favela.

Na fase final de apuração do Censo 2022, o IBGE realizou a campanha “Favela no Mapa” em parceria com o Instituto Data Favela e a Central Única das Favelas (Cufa), para garantir a cobertura completa do Censo demográfico nas favelas e comunidades urbanas. A campanha nacional foi importante para que aqueles domicílios e moradores ainda não recenseados nestes territórios tivessem a oportunidade de fazer parte do retrato da realidade nacional.

“Agradecemos ao presidente do IBGE, à ministra Simone Tebet, ao ministro Márcio Macedo e, principalmente, às favelas que abriram suas portas e acolheram nossas equipes. Esse é um grande momento de reconhecimento e, acima de tudo, um compromisso com o futuro das nossas comunidades”, afirma Preto Zezé, presidente da CUFA no Rio de Janeiro.


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Essa parceria teve como objetivo aumentar a precisão da coleta de dados em favelas, onde historicamente ocorrem elevadas taxas de não resposta. Através de ações de mobilização e sensibilização dos moradores, como eventos comunitários e suporte aos recenseadores, o projeto garantiu que mais moradores fossem incluídos no Censo de 2022. Essas atividades permitiram que as realidades específicas das favelas fossem visíveis nas estatísticas nacionais, assegurando uma representação fiel e essencial para a criação de políticas públicas alinhadas com as necessidades dessas comunidades.

“Receber a ministra e todos os diretores do IBGE aqui no Helipa para lançar e iniciar esse projeto foi um marco para nós na relação entre o IBGE e a CUFA. A favela fica feliz por saber que o instituto está reconhecendo tudo que fizemos em todo o País, pois estamos cansados de ser usados e depois descartados”, comemora Marcivan Barreto, presidente da CUFA do Estado de São Paulo.

“Fazemos questão de mandar representantes das CUFAS em todos os estados, uma vez que participamos nacionalmente de todo o processo. Essa é nossa forma de dizer que somos parceiros do IBGE até o fim desse processo” explica Kalyne Lima, presidenta nacional da CUFA.

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