Macaé sobre bets: “Estamos permitindo cassino no bolso do brasileiro”

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, criticou duramente as apostas on-line no Brasil, em audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (11/11). Diante de ministros, AGU e integrantes do setor produtivo, Macaé ressaltou que “caça-níqueis e cassinos estão perto ou compondo o nosso cotidiano” e que, no caso das bets, não há um “limitador”

Durante a audiência pública, convocada pelo ministro Luiz Fux, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.721, na qual a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) pede que a Lei das Bets (Lei nº 14.790/2023) seja declarada inconstitucional pelo STF, Macaé ainda disse que as apostas são tenativas desesperadas e tristes.

“Pela facilidade de acesso, pode-se afirmar que, com as chamadas bets, estamos permitindo a instalação de um cassino no bolso de cada brasileiro.A arquitetura da escolha, ou seja, as condições com as quais as pessoas se deparam para decidir as informações favorece o jogo. Isso está gerando resultados econômicos nefastos e devastando famílias”, completou.

Após a primeira estapa da audiência, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que a Lei das Bets precisa de ajustes imeadiatos. Relator do caso, o ministro ressaltou que debaterá o tema com os outros Poderes para avaliar a necessidade de uma decisão liminar, que tem impacto imediato.

A previsão foi dada por Fux durante conversa com jornalistas após o encerramento da primeira etapa de audiência pública que trata do impacto das bets no Brasil.

“Nós terminamos a primeira parte da audiência, vamos ter a segunda hoje ainda, e a terceira (na terça). De toda maneira, os problemas que foram aqui aventados, relativos a comunidades carentes, aos problemas mentais e aos outros graves problemas que foram destacados, levam-nos à ideia de que esse julgamento tem que ser urgente”, disse.

Embora a possibilidade de uma liminar seja levantada pelo ministro, o julgamento de mérito da ação só ocorrerá no primeiro semestre de 2025, quando será tratada a validade da lei que regulamenta o setor. “Tem que avaliar também esse “avanço do dragão”, como eles disseram aqui. Temos que enfrentar talvez de uma maneira mais urgente”, completou.

O ministro dividiu a discussão sobre impactos das apostas on-line no Brasil em oito eixos temáticos. Entre eles estão a preocupação com a saúde mental dos brasileros; as consequências sociais das bets; e a tributação do setor de apostas.

As bets são discutidas na Corte nesta segunda, com seguimento nesta terça-feira (12/11), na sede do STF, em Brasília (DF). Entre os diversos pontos questionados da lei Fux selecionou para discussão na audiência oito pontos principais.

Veja:

  • questões técnicas associadas à saúde mental e aos impactos neurológicos da prática das apostas sobre o comportamento humano;
  • os efeitos econômicos para o comércio e seus efeitos na economia doméstica;
  • as consequências sociais desse novo marco regulatório;
  • o uso das plataformas de apostas para lavagem de dinheiro e demais crimes;
  • tributação e extrafiscalidade no setor de apostas;
  • transparência das plataformas de apostas;
  • publicidade e instrumentos de gameficação no setor de apostas; e
  • direitos patrimoniais dos apostadores.

Fux ressaltou na abertura do evento que a intenção das discussões é uniformizar entendimentos. “A presente audiência pública é uma iniciativa que pretende pluralizar as decisões proferidas pelo STF, oportunizando que a sociedade civil possa contribuir para a atividade de interpretação e de guarda da Constituição Federal”, destacou.

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