Nunes decide fechar hospital interditado pela Vigilância Sanitária

São Paulo — Após a Vigilância Sanitária Estadual interditar o Hospital Bela Vista, na Consolação, no centro de São Paulo, a prefeitura de São Paulo decidiu fechar a unidade, que era referência no atendimento à população em situação de rua. Cerca de 512 funcionários serão demitidos, de acordo com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), e outro hospital será aberto, ainda sem data e local definidos.

Em um inquérito civil em andamento no Ministério Público de São Paulo (MPSP), na promotoria de Justiça do Direitos Humanos da Capital, foi solicitada a vistoria do local à Vigilância Sanitária Estadual e ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Na inspeção, de acordo com o MPSP, “foi concluído que havia no prédio problemas estruturais” e a Vigilância Sanitária determinou a interdição do hospital, concluída em 31 de outubro deste ano. Segundo o Cremesp, que abriu uma investigação interna para apurar o caso, foram constatadas irregularidades no local.

Para Nunes, o MPSP poderia ter tido um diálogo mais aberto com a prefeitura. “Criaram tantas dificuldades, criaram tantos problemas, chegaram no objetivo, que é fechar um hospital público, que eu lamento, mas nós temos que cumprir a determinação”, afirmou a jornalistas nessa segunda-feira (11/11).

“Eu já orientei a minha equipe, vamos entregar o prédio. São mais de dois anos nessa conversa, mostrando para as pessoas que [o hospital] estava atendendo, que aquele prédio já estava pronto, que está em uma localização importante (…), que para a gente era fundamental, e de que estava atendendo bem”, disse Nunes. “Se atentaram a algumas normas que não é a rotina do nosso dia a dia e conseguiram o objetivo deles.”

Questionado nesta terça-feira (12/11) sobre um relatório do Cremesp que teria indicado a ocorrência de 32 mortes no hospital de agosto a setembro deste ano, Nunes disse que as ocorrências seriam apuradas. “Nós vamos investigar essas mortes (…) A gente vai, com nossos órgãos de controle, fazer a apuração do que aconteceu.”

Em nota ao Metrópoles, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) confirmou a interdição do Hospital Municipal Bela Vista por motivos estruturais, visando adequações técnicas às normas da Vigilância Sanitária, mas ao mesmo tempo negou “riscos estruturais” do local.

Segundo a prefeitura, melhorias não puderam ser feitas no local em razão de o imóvel ser locado.

“O hospital não oferece qualquer risco estrutural ou ambiente insalubre aos seus pacientes e funcionários. No entanto, por ser um imóvel locado, a SMS não pode realizar melhorias estruturais diretamente. Diante da situação, a pasta está solicitando a rescisão do contrato de locação e está entregando o prédio, de acordo com o pedido do Ministério Público e da Vigilância Sanitária”, afirmam.

“Desde sua abertura durante a pandemia, o hospital tem prestado importantes serviços de saúde à população. A SMS já vinha notificando o proprietário do imóvel quanto à necessidade dessas adequações, mas, infelizmente, sem sucesso”, diz a nota.

O secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, informou que o hospital ainda tem 16 pacientes internados, que deverão desocupar o local até o final da semana e serão direcionados para as outras unidades de saúde na rede pública municipal.

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