Vida pode surgir de material “morto” no fundo do mar

Cientistas chineses encontraram, nas profundezas do mar na Dorsal Índica, compostos orgânicos que podem revelar como a vida se organizou no começo da história da Terra — são processos complicados que envolvem transformar material “morto”, porém orgânico, por meios químicos até formar seres vivos.

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A pesquisa usou como base um estudo anterior, de 2021, quando matéria orgânica abiótica (ou seja, sem vida) na minúscula escala dos nanômetros foi identificada na Trincheira de Yap, no Oceano Pacífico.

Da matéria morta à vida

A equipe de cientistas, liderada por Nan Jingbo, do Instituto Nanquim de Geologia e Paleontologia da Academia de Ciências da China (NIGPAS), publicou o achado na revista científica PNAS.


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Métodos de microscopia eletrônica permitiram encontrar matéria orgânica abiótica, como mostrado na imagem, rodeada pelo mineral goetita (Imagem: NIGPAS)
Métodos de microscopia eletrônica permitiram encontrar matéria orgânica abiótica, como mostrado na imagem, rodeada pelo mineral goetita (Imagem: NIGPAS)

Muito das ideias trabalhadas por eles deriva do potencial dos sistemas hidrotermais de fumarolas submarinas na geração da vida — nesses locais, há material e energia ideais para as reações químicas prebióticas (que deram origem à vida) da Terra primitiva.

Para a criação de compostos orgânicos mais complexos, é necessário que, no passado, a catalisação de minerais por reações de polimerização (processo de formação de moléculas que cria carboidratos e proteínas, por exemplo) tenha sido possível. Isso teria permitido a evolução de compostos orgânicos simples para estruturas funcionais complicadas, gerando a vida.

Para a investigação, os cientistas enviaram um veículo tripulado chamado Shen Hai Yong Shi na expedição TS-10, encontrando matéria carbonácea abiótica na escala de mícrons, na crosta oceânica da Dorsal Índica Sudoeste. Eles também notaram uma ligação entre a matéria orgânica e o produto das interações entre a água e a rocha das profundezas, especialmente a goetita.

O submarino tripulado Shen Hai Yong Shi, da NIGPAS, que levou os cientistas à dorsal oceânica para o estudo (Imagem: NIGPAS)
O submarino tripulado Shen Hai Yong Shi, da NIGPAS, que levou os cientistas à dorsal oceânica para o estudo (Imagem: NIGPAS)

Com várias técnicas de espectroscopia, espectrometria e microscopia, os pesquisadores confirmaram a ausência de moléculas vivas na matéria carbonácea da região, provando que a origem das moléculas era, realmente, abiótica, ou seja, vinha de coisas “mortas”. Com base nisso, foi calculado o papel crucial da goetita na síntese da matéria carbônica local.

A matéria carbonácea abiótica, por mais que tenha um nome complicado, é um “laboratório natural” nas dorsais oceânicas, permitindo que as reações formadoras de matéria orgânica aconteçam.

Descobrir tais processos ajuda a entender como a vida pode ter se originado no planeta Terra, mas também pode nos auxiliar no encontro de matéria orgânica em outros planetas rochosos, e, consequentemente, da possibilidade de vida neles.

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