Como o Sol “matou” estes pequenos satélites meses antes do esperado

Três pequenos satélites do Programa Espacial Binar, da Universidade de Curtin, na Austrália, queimaram na atmosfera na última semana. Até aí, tudo bem, afinal a equipe da missão esperava que isso acontecesse em algum momento. O problema é que a reentrada dos satélites aconteceu cedo demais — e o culpado disso é o Sol. 

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Os satélites em questão são os cubesats Binar-2, 3 e 4. Eles fazem parte do Programa Espacial Binar, uma iniciativa de pesquisas com satélites com o objetivo de coletar dados sobre o Sistema Solar e diminuir a barreira para operações no espaço. O projeto começou com o satélite Binar-1, lançado em 2021. 

Naquele ano, o Sol estava no início do seu 25º ciclo e tinha atividade relativamente baixa. O satélite com apenas 10 cm de cada lado foi liberado em uma órbita a 420 km de altitude e passou 364 dias em órbita. Já os Binar-2, 3 e 4 tinham tamanho semelhante e deveriam ter passado cerca de seis meses no espaço.


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No entanto, eles sobreviveram apenas dois meses em órbita. “Embora as missões de cubesats sejam relativamente de baixo custo, o fim prematuro de uma missão sempre tem um preço alto”, observou Kyle McMullan, PhD na Universidade. “Isso reduziu significativamente o tempo para a ciência e para testes de novos sistemas”, acrescentou.

E por que os satélites foram condenados tão cedo à reentrada? A resposta está no Sol. “Embora esse não fosse um objetivo explícito da missão, o Programa Espacial Binar demonstrou de forma pungente os efeitos dramáticos da atividade solar nas operações espaciais”, ressaltou ele.

Atividade solar 

O termo “atividade solar” inclui os vários fenômenos relacionados ao nosso astro, como manchas solares, explosões e até o vento solar, composto por partículas eletricamente carregadas. Estes eventos nada mais são do que o resultado do ciclo de 11 anos do Sol, cuja metade ocorre acompanhada de um pico de atividades. 

As manchas solares variam de acordo com a etapa do ciclo solar (Imagem: Reprodução/NASA’s Solar Dynamics Observatory/Joy Ng)

Apesar de o ciclo ser bem conhecido pelos cientistas, é difícil prever ao certo os eventos dele. Mesmo assim, é certo que o aumento da atividade solar significa um maior fluxo de partículas eletricamente carregadas disparadas pelo nosso astro, capazes de danificar ou afetar componentes elétricos nos satélites.

O efeito é diferente para os satélites na órbita baixa da Terra, com altitude de 160 km a 1.000 km. Ali, as camadas mais externas da atmosfera absorvem a energia extra da atividade solar, aumentando o arrasto que as moléculas exercem nos satélites por lá. Isso altera a órbita deles, fazendo com que caiam de volta para nosso planeta. Os cientistas estimam que a atividade solar diminua a partir de 2026.

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